A branquitude e seus atravessamentos no ethos de ítalos e teuto-brasileiros: uma análise do fenômeno racial no oeste catarinense

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Title: A branquitude e seus atravessamentos no ethos de ítalos e teuto-brasileiros: uma análise do fenômeno racial no oeste catarinense
Author: Della Flora, Ângela
Abstract: A branquitude se caracteriza como uma ideologia que assume e sustenta a superioridade de grupos brancos em face de populações racializadas. Em Santa Catarina um dos mitos que perpassa essa ideologia é a ideia de europeidade ? um estado que se pretende branco e faz autoelogio à ?Europa Brasileira?. Num recorte mais específico observamos uma situação sintomática no oeste catarinense, região interiorana onde tem relevo a economia agrícola baseada na pequena propriedade da terra: lá os povos originários e a população negra são definidos com o uso de termos como ?caboclos?, ?bugres?, ?brasileiros?, amiúde com carga valorativa negativa, ao passo que os descendentes de europeus colonizadores do território se autodenominam positivamente como os ?de origem?. Essa classificação é constitutiva da memória social da região e não é objeto de uma crítica sistemática quanto aos aspectos racistas que traz implícita e explicitamente. A partir dessa problemática o objetivo geral deste estudo foi compreender os elementos que produzem e sustentam a branquitude no Oeste de Santa Catarina, enquanto os específicos almejaram a) situar como a ideologia da branquitude impacta na produção da memória social em contraste com outras identidades étnico-raciais da região; b) analisar como a raça é construída e quais elementos a modulam regionalmente; c) compreender de que forma as identidades brancas são representadas pela branquitude, suas hierarquias e possíveis fronteiras no interior de grupos brancos; d) identificar a construção da raça e do racismo no ethos ítalo e teuto brasileiros. A abordagem teórica articula o aporte da formação racial, a teoria crítica da raça e branquitude e a noção de campo-tema. Como estratégia de coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Os resultados indicam que o ethos de ítalos e teuto-brasileiros oestinos é permeado por memórias e concepções acerca de etnia, cultura, família, trabalho e propriedade como recursos de sustentação da branquitude. Há predomínio sistemático das narrativas branco-centradas no que diz respeito à memória social regional, com especial ancoragem nos relatos a respeito dos feitos dos pioneiros no período da colonização. Também se percebeu que as noções de origem, sobrenome, cultura e etnia são mobilizadas de forma intercambiável e servem como sucedâneas de raça, que é tida como uma definição publicamente menos aceitável; neste ponto, entende-se que no lócus estudado acaba por ocorrer um escamoteamento que serve à interdição da crítica e autocrítica a respeito do racismo.Abstract: The whiteness is characterized as an ideology that assumes and sustains the superiority of white groups in the face of racialized populations. In Santa Catarina, one of the myths that permeates this ideology is the idea of Europeanness ? a state that claims to be white and praises ?Brazilian Europe?. In a more specific perspective, we observe a symptomatic situation in the west of Santa Catarina, a region in the countryside where the agricultural economy based on small land ownership is prominent: there the original peoples and the black population are defined using terms such as ?caboclos?, ?bugres? , ?Brazilians?, often with a negative value, while the descendants of Europeans who colonized the territory positively define themselves as those ?of origin?. This classification is constitutive of the region's social memory and is not the object of systematic criticism regarding the racist aspects it implicitly and explicitly brings. Based on this problem, the general objective of this study was to understand the elements that produce and sustain the whiteness in the West of Santa Catarina, while the specific ones aimed to: a) to situate how the ideology of whiteness impacts on the production of social memory in contrast to other ethnic-racial background of the region; b) to analyze how race is constructed and which elements regionally modulate it; c) to understand how white identities are represented by the whiteness, their hierarchies and possible borders within white groups; d) to identify the construction of race and racism in the Brazilian Italian and German ethos. The theoretical approach articulates the contribution of racial formation, the critical theory of race and whiteness and the notion of theme-field. As a data collection strategy, semi-structured interviews were conducted. The results indicate that the ethos of Western Italians and German Brazilians is permeated by memories and conceptions about ethnicity, culture, family, work, and property as resources to support the concept of whiteness. There is a systematic predominance of white-centered narratives regarding regional social memory, with special anchoring in reports concerning the deeds of pioneers during the period of colonization. It was also noticed that the notions of origin, surname, culture and ethnicity are mobilized interchangeably and serve as substitutes for race, which is considered a less publicly acceptable definition; at this point, it is understood that in the locus studied, a concealment ends up occurring that serves to prohibit criticism and self-criticism regarding racism.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2024.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/259004
Date: 2024


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