A consciência corporal de professoras de Educação Infantil e as brincadeiras das crianças no ambiente escolar

Abstract

O objetivo deste estudo foi investigar a professora de Educação Infantil em sua tomada de consciência corporal na vivência social (VIGOTSKI, 2008) das brincadeiras com as crianças, no ambiente escolar. Para tanto, foram identificados e descritos os fatores que determinam a participação das professoras de Educação Infantil na brincadeira das crianças, bem como o modo como essas professoras brincavam. Os procedimentos metodológicos foram estruturados na vivência como unidade metódica da consciência. (VIGOTSKI, 2009). Portanto, foi oportunizado à 19 professoras da Rede Municipal de Içara/SC, um curso de formação continuada de caráter pessoal e colaborativo, com duração de 20 horas, dividido em 3 encontros presenciais e 2 encontros remotos. O conteúdo do curso foi construído a partir da necessidade do grupo em relação ao tema ?A consciência corporal e a brincadeira na Educação Infantil?, contendo vivências de práticas corporais de atividades rítmica, brincadeiras e discussões de textos. Foram utilizados registro audiovisuais, diário de campo, registro de imagem e questionário, para a coleta de informações necessárias à resposta dos objetivos. Para o tratamento dos dados foi utilizada a técnica de pistas (PINO, 2005) que auxiliaram a solucionar a problematização do estudo. São dois os fatores que determinam a participação brincante ou não brincante das professoras nas brincadeiras das crianças: o repertório cultural cinestésico e o espaço das vivências do brincar. O primeiro é um conjunto de rotinas culturais cinestésicas que foram vivenciadas e aprendidas ao longo da vida, e a segunda é o modo como a professora se relaciona com o espaço da vivência do brincar. Cada repertório cultural cinestésico possui uma característica influenciada pelo espaço físico no qual ele foi vivenciado e aprendido. A cada período do desenvolvimento, a brincadeira, sendo concebida como vivência social, foi sendo aprendida e vivenciada em espaços diferentes. O espaço onde as professoras brincavam quando eram crianças, os espaços das brincadeiras durante o período de formação dessas professoras, e os espaços das brincadeiras nas escolas onde trabalhavam essas professoras. Um repertório cinestésico carente de vivências com a brincadeira impulsionará a professora a brincar pouco, a distanciar-se e/ou agir minimamente no espaço. Do contrário, quanto maior o repertório cinestésico da professora, maior serão as possibilidades dessa professora brincar didaticamente com seus alunos, planejando a sua participação, os pontos de observação, interferindo no espaço, tematizando-o com facilidade e lidando tranquilamente com a imprevisibilidade da Educação Infantil. Em síntese, a tomada de consciência da professora de Educação Infantil para a brincadeira é um processo, justamente porque a constituição da consciência é dinâmica. A consciência da professora precisa internalizar as relações sociais ao longo da vida sobre a brincadeira. O quanto ela internaliza é justamente o tamanho do repertório cultural cinestésico que ela acumula na sua história de vida. Propõe-se a aplicação da estrutura desse estudo com a participação das crianças. Dessa forma, será possível descrever a relação do repertório cultural cinestésico da professora de Educação Infantil com o repertório cinestésico das crianças durante a brincadeira. A intervenção das respostas dessa relação no desenvolvimento infantil também pode ser pesquisada.

Abstract: The objective of this study was to investigate the Early Childhood Education teacher in her awareness of her body in the social experience (VIGOTSKI, 2008) of playing with children in the school environment. To this end, the factors that determine the participation of Early Childhood Education teachers in children's games were identified and described, as well as the way these teachers played. The methodological procedures were structured in experience as a methodical unit of consciousness. (VIGOTSKI, 2009). Therefore, 19 teachers from the Municipal Network of Içara/SC were offered a continuing education course of a personal and collaborative nature, lasting 20 hours, divided into 3 face-to-face meetings and 2 remote meetings. The content of the course was built based on the group's needs in relation to the theme ?Bodily awareness and play in Early Childhood Education?, containing experiences of bodily practices of rhythmic activities, games and text discussions. Audiovisual recordings, field diaries, image recordings and questionnaires were used to collect the information necessary to respond to the objectives. To process the data, the clue technique (PINO, 2005) was used, which helped to solve the study's problems. There are two factors that determine the playing or non-playing participation of teachers in children's games: the kinesthetic cultural repertoire and the space of playing experiences. The first is a set of kinesthetic cultural routines that have been experienced and learned throughout life, and the second is the way in which the teacher relates to the space of playing. Each kinesthetic cultural repertoire has a characteristic influenced by the physical space in which it was experienced and learned. At each period of development, play, being conceived as a social experience, was learned and experienced in different spaces. The space where the teachers played when they were children, the play spaces during the training period of these teachers, and the play spaces in the schools where these teachers worked. A kinesthetic repertoire lacking experiences with play will encourage the teacher to play little, to distance herself and/or to act minimally in the space. Otherwise, the greater the teacher's kinesthetic repertoire, the greater the possibilities for this teacher to play didactically with her students, planning their participation, observation points, interfering in the space, thematizing it with ease and dealing calmly with the unpredictability of Education. Children's. In short, the Early Childhood Education teacher's awareness of play is a process, precisely because the constitution of consciousness is dynamic. The teacher's conscience needs to internalize lifelong social relationships about play. How much she internalizes is precisely the size of the kinesthetic cultural repertoire that she accumulates in her life story. It is proposed to apply the structure of this study with the participation of children. In this way, it will be possible to describe the relationship between the kinesthetic cultural repertoire of the Early Childhood Education teacher and the kinesthetic repertoire of children during play. The intervention of responses from this relationship in child development can also be researched.