A educação ambiental e os docentes da Rede Municipal de São José-SC: uma análise a partir da perspectiva crítica

Abstract

Ao longo dos últimos vinte ou trinta anos, foram implementadas diversas práticas relacionadas à inserção das questões ambientais na escola. Guimarães (2005) afirma que práticas educativas devem ser desenvolvidas em uma perspectiva crítica, que transcendam a mera transmissão de conhecimentos ecologicamente corretos. A Educação Ambiental crítica propõe, segundo Loureiro (2004), promover o questionamento às abordagens comportamentalistas e reducionistas no entendimento da relação cultura-natureza. Nesse sentido, a problemática que originou esta pesquisa é: em que perspectiva a Educação Ambiental é desenvolvida em uma escola de São José, SC, e quais as representações sociais de ?meio ambiente? dos professores? Para responder a essas questões, o objetivo geral traçado neste estudo foi: investigar a perspectiva de Educação Ambiental que é desenvolvida por um grupo de docentes em uma escola de São José, SC, apontando possibilidades e limitações à inserção da perspectiva crítica de Educação Ambiental. A presente pesquisa justifica-se em razão do panorama atual da crise ambiental, que exige profundas mudanças e que vem desafiando a sociedade a encontrar novos rumos para a construção do presente e do futuro. Esta pesquisa foi de natureza descritiva e apresentou uma abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos por análise de questionário e entrevista semiestruturada com professores que atuam em diferentes componentes curriculares no ensino fundamental de uma escola de São José, SC. As respostas aos questionários foram submetidas à análise textual discursiva (ATD), segundo Moraes e Galliazi (2016). Os resultados obtidos apontaram que, apesar de os docentes procurarem inserir o tema no seu componente curricular, a organização curricular dificulta a proposta de trabalhar a EA de forma transversal com uma abordagem interdisciplinar. Essa dificuldade pode estar relacionada ao fato de os docentes não vivenciarem a interdisciplinaridade na universidade e porque não há oportunidade de discussão na escola. As representações sociais de ?meio ambiente? da maioria dos docentes conservam fortes traços de concepção naturalista e antropocêntrica. Constata-se que eles apresentam um viés muito forte na Educação Ambiental conservadora, que não considera os fatores que perpetuam o estado de exploração da natureza, caracterizando representações sociais docentes limitantes para ações pedagógicas mais críticas e reflexivas. Neste sentido, é relevante considerar-se a necessidade de oportunidades para o desenvolvimento e planejamento de atividades coletivas para a temática na escola, bem como de formação para seus docentes, que integre a perspectiva interdisciplinar crítica e problematizadora e a contextualização nas suas práticas relacionadas à Educação Ambiental.

Abstract: In the course of the last twenty or thirty years, several practices related to the insertion of environmental matters in schools were implemented. Guimarães (2005) states that educational practices should be developed in a critical perspective, which transcends the mere transmission of ecologically correct knowledge. According to Loureiro (2004), critical Environmental Education proposes the promotion of questioning behavioral and reductionist approaches to the understanding of the culture-nature relationship. In this sense, the problem that originated this research is: under which perspective Environmental Education is developed in a school in São José, SC, and what are the social representations of ?the environment? by the teachers? In order to answer these questions, the general objective outlined in this study was to investigate the perspective of Environmental Education that is developed by a group of teachers in a school in São José, SC, pointing out possibilities and limitations to the insertion of the critical perspective of Environmental Education. This research is justified because of the current panorama of the environmental crisis, which demands deep changes and that has been challenging society to find new paths for the construction of the present and of the future. This research was descriptive and had a qualitative approach. The data was obtained through questionnaire analysis and semistructured interviews with teachers that work in different curricular components in an elementary school in São José, SC. The answers to the questionnaires were submitted to discursive textual analysis (DTA) in accordance with Moraes and Galliazi (2016). The obtained results show that, although the teachers aim to introduce the theme to their curricular component, the curricular organization hinders the proposal of exploring EE in a transversal manner with an interdisciplinary approach. This difficulty may be related to the fact that the teachers did not experience interdisciplinarity in the university and because there is not an opportunity to discuss that in school. The social representations of ?the environment? of most teachers conserve strong traces of the naturalist and anthropocentric perspective. It is possible to observe that they present a very strong bias towards conservative Environmental Education, which does not consider the factors that perpetuate the state of the exploration of nature, which characterizes them as limiting teachers for more critical and reflexive pedagogical actions. In this sense, it is relevant to consider the need for opportunities to develop and plan collective activities for this subject in school, as well as education for its teachers, that integrates the interdisciplinary critical and problematizing perspective and the contextualization in their practices related to Environmental Education.