A graduação como elemento constituinte da matemática do ensino: uma análise da aritmética dos manuais pedagógicos (1933-1951)

Abstract

Este estudo abordou historicamente os saberes envolvidos na formação de professores que ensinavam matemática. Situou-se numa perspectiva que tomou os saberes no âmbito da cultura escolar. Delimitou como marco temporal o período que estudos históricos da educação denominam Escola Nova, fixando atenção no que ganhou denominação de pedagogia científica. Utilizou como fontes de pesquisa os manuais pedagógicos: Como se ensina a aritmética? de Faria de Vasconcelos (1933); Pedagogia científica: psicologia e direção da aprendizagem, de Miguel Alfredo Aguayo (1936); Práticas escolares: de acordo com o programa de prática do ensino do curso normal e com a orientação do ensino primário, de Antônio D’Ávila (1942) e Metodologia da Matemática: orientação detalhada e sugestões prática acerca de todos os pontos do programa do curso primário, de Irene de Albuquerque (1951), considerados como referências de orientação para o trabalho docente. Orientou-se pela questão: que graduação do ensino foi dada a conhecer em manuais presentes na formação de professores em tempos de pedagogia científica? Graduação do ensino entendida neste trabalho com as diferentes formas e níveis em que o ensino se organiza nessas obras de acordo com as concepções de ensino e aprendizagem de seus autores. Como resultado da pesquisa é defendida a tese de que na cultura escolar em tempos de pedagogia científica produziu-se uma graduação própria do ensino de aritmética. Tal graduação se configura como elemento constituinte da matemática do ensino, conceito que articula as noções de matemática a ensinar e a matemática para ensinar, e que se refere à matemática elaborada tendo em conta a cultura escolar.