Abstract:
|
Musicalmente, Fontamara[1] remete à sinuosidade sonora de um rio, cuja corrente parece ondular em variação entre as vogais abertas que oferecem tonicidade, cume líquido, antes de verterem aos seus pares átonos. Decerto, essa primeira imagem sonora desague ao encontro dos fatos correntes no romance: o roubo da água vital à vida dos cafoni, o desvio do riacho para as terras da autoridade maior do município, a paisagem seca e amarga decorrente de tal orquestração superior. Mas Fontamara não deixou de ser sempre assim, música esquecida, negligenciada, monótona, subsumida, eco cingido entre o cerco das montanhas[2]. |