Abstract:
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Partindo da interpretação heideggeriana de Nietzsche, mais especificamente, dos dois volumes intitulados Nietzsche, que contêm preleções de 1936-46, pretendemos pensar a questão do fim da metafísica nos situando na contenda entre esses dois pensadores. Para isso, colocaremos nossa análise em um ponto nodal da interpretação heideggeriana de Nietzsche, a saber, a vontade de poder. Esse ponto se faz importante por dois motivos: o primeiro se justifica por Heidegger conceber a vontade de poder como pensamento do ente na totalidade, que desdobra as possibilidades finais da tradição metafísica entendida como história do esquecimento do ser; o segundo motivo de escolhermos a vontade de poder, como termo central para desenvolver o pensamento do fim da metafísica, é o fato desse termo ser foco de discordância entre intérpretes de Nietzsche quanto à interpretação que Heidegger cunhou dessa noção. Pretendemos, neste trabalho, ver a vontade de poder como um termo que denota multiplicidade, - e não unidade como pensa Heidegger - e expressa aquilo que pode ser chamado de uma ontologia do vir-a-ser em Nietzsche. Dessa forma, para engendrar o diálogo entre os dois pensadores, trataremos de apresentar outra versão da doutrina da vontade de poder em Nietzsche, embasada por alguns de seus comentadores, como conceito central de combate às interpretações metafísicas do mundo. Igualmente, pretendemos mostrar que a concepção de uma ontologia do vir-a-ser em Nietzsche é capaz de desvincular o filósofo de ter sua filosofia adequada à metafísica, tal como pensou Heidegger, e ao mundo da técnica. Desse modo, pretendemos mostrar que, apesar de Heidegger e Nietzsche terem noções diferentes do que é metafísica, podemos ver a filosofia de Nietzsche com intenções paralelas às de Heidegger no que diz respeito à concepção de uma filosofia não metafísica |