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Há indícios de que o cálculo mental se faz presente no Ensino Primário desde o século XIX. Considerando que as práticas pedagógicas se modificam ao longo da história de acordo com as necessidades sociais vividas em cada momento histórico, nosso estudo investigou as finalidades do cálculo mental no Ensino Primário no período de 1950-1970, fazendo um olhar particular para o Paraná, estado que vivia um processo migratório significativo resultante do desbravamento e urbanização de grandes áreas de terra. A hipótese que defendemos é que o cálculo mental era usado no ensino e resolução de problemas como uma ferramenta pedagógica com o objetivo de auxiliar na contextualização e compreensão da operação, buscando dar sentido e significação à Matemática, contradizendo conceitos cristalizados que indicavam que o cálculo mental era utilizado apenas como forma de memorização de operações e tabuadas. Para comprovar nossa hipótese, buscamos vestígios do cálculo mental em fontes documentais como: programas de ensino, revistas e manuais pedagógicos, cadernos de alunos e professores. Buscamos compreender por meio da História Cultural (CHARTIER, 1990) os modos como a realidade social é pensada em diferentes lugares e momentos. A Hermenêutica (BARROS, 2011) nos deu embasamento para fazer a interpretação crítica das fontes trazendo o nosso entendimento, a partir do nosso olhar. Piaget (1975, 2005, 2014) nos permitiu compreender como a criança constrói o conhecimento lógico-matemático e como realiza as construções e conexões mentais. A História da Educação Matemática foi fundamentada em Pinto (2007, 2010, 2014, 2016) e Valente (2003, 2004, 2007, 2008, 2010, 2015, 2016), enquanto que Wachowicz (2006) e Miguel (2005, 2006, 2011) nos permitiram fazer um olhar particular para o estado do Paraná. O estudo mostrou que o cálculo mental estava inserido no Ensino Primário atuando como uma ferramenta pedagógica no ensino e resolução de Problemas, buscando desenvolver habilidades básicas necessárias para a vida em comunidade: rapidez, exatidão, segurança, precisão, capacidade de estimar. As fontes analisadas indicaram que, dentre as finalidades para o período, cabia: preparar as crianças para resolverem problemas da vida prática; trabalhar com a prática da flexibilidade; inserir a Matemática num contexto de significação; dar sentido à sua realidade; mostrar a socialização da Matemática; envolver práticas de motivação no ensino do cálculo mental. |
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