Abstract:
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O percurso de Ricardo Piglia no sentido de desenvolver um trabalho conjunto entre as práticas de ensino, pesquisa e relato íntimo ainda nos leva a um constante questionamento acerca dos supostos registros nos quais a ficção atuaria em sua obra. Esse processo de ficcionalização da crítica e da teoria e a inserção de elementos ensaísticos e teóricos em seus contos e romances é um traço que o situa numa tradição cujo marco, Pierre Menard, autor del Quijote , redefiniu os modos de leitura no século XX. Neste sentido, a ideia de que Homenaje a Roberto Arlt é a colocação em cena da imagem eternizada por Noé Jitrik, em que o coração de Arlt é definitivamente posto nas mãos de Borges, prefigura a aventura de Piglia em direção à elaboração de seu primeiro romance. Para além disso, em Respiración artificial o escritor desloca os trilhos dessa tradição para nos apresentar uma narração em que o encontro de diferentes vozes estabelece outra maneira de lermos a ciência histórica. A partir desse deslocamento, somos colocados diante de um relato em que se ensaia não só a possibilidade de se narrar a história de uma nação que vá de encontro ao discurso oficial do Estado como também a noção de uma teoria da conversação que culminará nas publicações de El camino de Ida, Por un relato futuro e La forma inicial. |