Abstract:
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A região da Costa da Lagoa, área de estudo dessa pesquisa, é referência turística em função da gastronomia e também de sua íntegra vegetação. Em realidade, essa é uma floresta recente, que está se regenerando após o processo de agricultura predatória que ocorreu em todo o maciço do Morro da Lagoa, principalmente em função da cultura da mandioca. A Costa da Lagoa possuía 16 engenhos de farinha e cana por volta de 1945. Hoje o único engenho sobrevivente encontra-se no ponto 8, com funcionamento em caráter de resgate cultural, uma vez por ano. A citada agricultura praticada pelos descendentes de açorianos (Murrieta e Silva, 2014) baseava-se na coivara. A agricultura de coivara, também conhecida por agricultura de corte e queima, é caracterizada pela derrubada e queima da mata como forma de aproveitar os nutrientes disponibilizados ao solo na forma de cinzas, num processo de adaptação aos solos relativamente pobres das áreas florestais (Pedroso-Junior et al., 2008). Dessa forma, a paisagem geral da Ilha de Santa Catarina, em meados do século XIX e até a metade do século passado, era de montanhas peladas (Imagens 2 e 3) cultivadas principalmente com mandioca, mas também em função de pasto e retirada de lenha. Se por um lado a coivara teve sua importância no sucesso do cultivo da planta citada, por outro as florestas nativas tiveram sua presença radicalmente diminuída em decorrência, não apenas mas principalmente, dessa prática. |