Abstract:
|
Desde a colonização, todo o litoral brasileiro vêm sendo desmatado e ocupado pelas grandes cidades. Por esse motivo, o domínio da Mata Atlântica, que encontra-se por toda a costa do país, é um dos mais ameaçados. O mesmo é considerado um dos hotspots da biodiversidade pois abriga boa parte de todas as espécies do planeta, incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. As Unidades de Conservação são uma das principais estratégias adotadas para a conservação in situ da biodiversidade. Algumas delas permitem a existência de populações humanas em seus territórios. Nesse sentido, diversos estudos vêm demonstrando a importância do envolvimento das populações locais no processo de conservação da biodiversidade. A presente pesquisa foi realizada através de uma abordagem etnobotânica, linha de pesquisa que busca compreender esses saberes, bem como a percepção, uso e manejo dos recursos vegetais pelas comunidades humanas. O presente trabalho teve como objetivo investigar o conhecimento local dos recursos vegetais com os moradores da Armação da Piedade, localizada parcialmente na Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim. Para isso realizou-se entrevistas semi-estruturadas, listagens-livres, turnês guiadas e a coleta do material botânico, para posterior identificação das espécies. Um total de 21 entrevistas foram realizadas e 156 plantas foram identificadas pertencentes a 63 famílias botânicas. As categorias de uso alimentar e medicinal foram as mais citadas, seguidas da categoria de uso ornamental. Algumas plantas foram registradas para Artesanato, Forrageio, uso Madeireiro e Ritualístico, mas com poucas citações. Das plantas citadas, 85% são utilizadas atualmente e 61% são provenientes dos cultivos dos próprios entrevistados (hortas e quintais). Esta prática de cultivo exerce um papel fundamental na manutenção dos saberes da comunidade bem como na conservação in situ dos recursos vegetais. O desconhecimento dos residentes sobre a existência da APAA alerta para uma necessidade de divulgação da UC, não apenas no sentido de ganhar aliados na proteção ambiental, mas também de valorizar, manter e tentar resgatar as atividades tradicionais da comunidade. |