Abstract:
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Sucessão ecológica pode ser definida como uma substituição sequencial de espécies ao longo do tempo ou, de um outro ponto de vista, como mudanças que ocorrem constantemente após distúrbios. Estes distúrbios são altamente variáveis conforme a localidade, e podem ser causados por fatores bióticos e abióticos. Fatores abióticos por sua vez, podem ser tanto naturais como artificiais. Uma das importantes fontes de impacto antrópico ao ambiente marinho são os portos. Sendo assim, para compreender e comparar variações locais e seus impactos, o objetivo deste trabalho foi analisar os padrões de sucessão de comunidades bentônicas sésseis em diferentes regiões portuárias em Santa Catarina, Brasil. Para o assentamento de organismos, placas de granito foram colocadas na região dos Portos de São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba. Uma vez por mês, de dezembro de 2012 a dezembro de 2013, essas placas foram fotografadas e analisadas para a estimativa da abundância relativa dos organismos presentes. Ao analisar esses dados, pôdese observar que em cada local houve um padrão de sucessão diferente. Em São Francisco do Sul, as ascídias e hidrozoários pareceram variar sazonalmente enquanto que os briozoários toleraram essa variação. O biofilme, como pioneiro, aumentou em abundância quando outros grupos bentônicos desapareceram, seguido dos tolerantes briozoários. Em Imbituba, uma tendência sazonal também foi encontrada, porém sem a presença de hidrozoários e com a presença de algas filamentosas. Já em Itajaí, com exceção dos hidrozoários, houve um sucessão sequencial. Esta começou com uma maior abundância de biofilme, o qual foi sendo gradativamente substituído por cirripédios e poliquetas de tubo sedimentar. Em São Francisco do Sul e Imbituba, a variação da comunidade acompanhou a variação sazonal de temperatura, porém fatores como uma maior poluição orgânica em São Francisco do Sul podem estar relacionados ao fato de estas comunidades terem se desenvolvido mais rapidamente e serem dominadas por organismos filtradores/suspensívoros; enquanto que uma maior turbidez em Imbituba, provavelmente resultante da menor quantidade de matéria orgânica suspensa, pode estar relacionada com o fato de estas comunidades terem se desenvolvido mais lentamente, e que houvesse a presença de algas filamentosas. Em Itajaí, apesar da variação dos fatores ambientais, não houve uma variação sazonal da comunidade, mas sim sequencial. Isso se atribui à ampla variação de salinidade, que restringiu a comunidade a organismos eurialinos. Estes, portanto, também são tolerantes às variações sazonais de temperatura, o que contribuiu para que houvesse uma sucessão sequencial. Portanto, percebe-se a importância para a sucessão não só de fatores abióticos, mas também das adaptações das espécies a esses fatores em cada local. Essa particularidade dos padrões de sucessão conforme o local demanda cautela ao extrapolar dados de outras localidades para realizar o manejo em uma determinada área. |