Abstract:
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A compreensão de feições estruturais, tais como domos ou altos estruturais e zonas afetadas por paleoestruturas presentes no embasamento, é de grande importância para o entendimento da origem e evolução de bacias de sedimentares. O presente trabalho faz uma abordagem de natureza estrutural-tectônica visando analisar a história deformacional registrada nas rochas do Domo de Lages (DL). O domo, localizado na Bacia do Paraná (BP), porção centro-sul de SC, é uma estrutura concêntrica irregular, com cerca de 30 km de diâmetro e levemente alongada na direção NW-SE. O domo é uma janela estratigráfica na BP, expondo no centro unidades permianas mais antigas (grupos Itararé e Guatá) e na borda unidades do Permiano superior e mesozoicas (grupos Passa Dois e São Bento). No DL ocorre expressivo volume de rochas alcalinas com ~ 73 Ma, originadas como reflexo do evento tectono-termal responsável pela abertura do Oceano Atlântico Sul. O estudo desenvolvido envolveu a análise do comportamento espacial do acamamento sedimentar e estruturas que o afetam, tais como dobras, fraturas, clivagens de fratura, falhas, brechas e diques. Os dados espaciais foram integrados e analisados em mapa 1:100.000, perfis esquemáticos, estereogramas e diagramas de roseta. A análise do conjunto de estruturas deformacionais possibilitou a elaboração de um modelo tectônico evolutivo visando correlacioná-las com a origem e evolução da estrutura dômica em questão. O modelo obtido contempla a seguinte sequência de eventos: I e II) esforços compressivos decorrentes de reativações de paleoestruturas do embasamento no Permiano superior originaram kink bands (eixos com orientação NW) e clivagens de fratura direcionais (NW, NE e N-S). A combinação destes esforços produziu um padrão de interferência, o qual pode ter sido responsável pela nucleação da estrutura dômica; III) esforços distensivos associados à abertura do Atlântico Sul (~134Ma) geraram fraturas e colocação de diques de diabásio relacionados ao magmatismo Serra Geral; IV) evento distensivo que resultou em intrusões de magmas alcalinos gerando diques e brechas (NE e NW) em subsuperfície durante o Cretáceo superior, que levaram ao alçamento do domo em pelo menos 1000m; V) evento compressivo que gerou falhas transcorrentes (~NS, EW) e zonas cisalhadas (NW) em rochas alcalinas durante a transição Cretáceo-Cenozoico. |