Abstract:
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A restinga, uma das fitofisionomias que compõe o Bioma da Mata Atlântica, cobria uma grande porção da zona litorânea brasileira, porém atualmente vem sofrendo um intenso e acelerado processo de fragmentação, constituindo grande ameaça à conservação da biodiversidade. Outro efeito da fragmentação é a redução ou perda de interações ecológicas essenciais, como a dispersão de sementes. A restinga contém diversas espécies de palmeiras. Estas possuem frutos grandes, necessitando, portanto, de animais de médio e grande porte para dispersarem suas sementes. Este trabalho avaliou as interações da palmeira jerivá, Syagrus romanzoffiana, com a fauna envolvida nos processos de frugivoria e dispersão de sementes em um fragmento de restinga arbórea sobre planície quaternária no sul da Ilha de Santa Catarina. A fauna consumidora dos frutos de jerivá foi registrada em campo por observação focal e por armadilhas fotográficas. Algumas espécies relatadas por moradores locais, que residem e são responáveis pela área há vinte e cinco anos, também foram consideradas. Estes animais tiveram seu comportamento classificado segundo o tipo de uso do fruto. Realizou-se um experimento para avaliação das taxas de consumo e dispersão de frutos de Syagrus romanzoffiana, utilizando-se 160 frutos distribuídos em 16 palmeiras. Oito das espécies de vertebrados registradas nesta área foram consideradas como potenciais consumidoras e dispersoras dos frutos de S. Romanzoffiana, quatro mamíferos (Cerdocyon thous, Didelphis aurita, Dasyprocta azarae e Nasua nasua), três aves (Cyanocorax caeruleus, Ortalis guttata e Ramphastos sp.) e um réptil da família Teiidae (Tupinambis merianae). A taxa de encontro e consumo dos frutos pela fauna foi de 100%, ou seja, todos os frutos depositados sob jerivás adultos foram dispersos ou tiveram a polpa consumida. |