Abstract:
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O Trypanosoma rangeli é um parasito hemoflagelado pertencente à Ordem Kinetoplastida, cuja região geográfica se sobrepõe a do Trypanosoma cruzi, agente etiológico da Doença da Chagas. Além disso, estes parasitos compartilham os mesmo reservatórios e vetores, o que pode levar a ocorrência de infecções únicas ou mistas, gerando diagnósticos falso-positivos da infecção. O ciclo de vida do T. rangeli ainda é relativamente desconhecido no hospedeiro mamífero. No entanto, apesar das dúvidas em relação à capacidade de invasão celular, certamente a interação destes parasitos com as células hospedeiras ocorre e envolve diferentes moléculas, especialmente antígenos de superfície, que podem ser alvos da resposta imune no hospedeiro mamífero. Este trabalho teve como principal objetivo avaliar aspectos da interação patógeno-célula hospedeira, através da expressão heteróloga da glicoproteína de 82 KDa (gp82) de T. cruzi pelo T. rangeli (T. rangeli-gp82), uma vez que esta proteína desempenha um papel fundamental no processo de adesão e penetração do T. cruzi nas células do hospedeiro. Verificou-se que a expressão heteróloga da gp82 não interfere no padrão de crescimento in vitro dos parasitos, mantendo-se estável mesmo após a metaciclogênese, apresentando uma expressão cerca de seis vezes menor nas formas tripomastigotas de T. rangeli quando comparada às formas tripomastigotas de T. cruzi. A localização celular da gp82 expressa de forma heteróloga foi semelhante no T. rangeli-gp82 e no T. cruzi, estando distribuída por toda a superfície dos parasitos não-permeabilizados e na região central dos parasitos permeabilizados. Os ensaios de interação entre o T. rangeli-gp82 e células Vero não apresentaram diferenças significativas em relação aos parasitos não transfectados quanto ao número de parasitos internalizados. Entretanto, por serem experimentos preliminares, o número amostral utilizado é insuficiente e não permite maiores inferências a respeito da capacidade da proteína gp82 em facilitar a adesão e penetração de parasitos transfectados nas células hospedeiras. Estudos de inibição de interação com o anticorpo 3F6 podem ser realizados a fim de se obter um controle negativo da interação. Além disso, sugere-se a construção de plasmídeos integrativos, contendo o gene de outras moléculas, também envolvidas no processo de interação celular. |