Abstract:
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Este trabalho se propõe a entender como se conectam políticas públicas, transformações econômicas e identidade nas comunidades camponesas peruanas, trazendo como exemplo concreto o caso da comunidade de San Carlos. Para isso, foi necessária uma análise histórica em que se considerassem as transformações ocorridas em cada uma dessas esferas e se compreendesse como duas formas de conceber o mundo interagiram e se articularam: por um lado, a ideologia do Estado peruano, representada tanto pelos seus membros efetivos quanto pelos intelectuais de cada época, que vem desde a independência desenvolvendo políticas voltadas à inserção das comunidades na “sociedade nacional”, ainda que também as mantenha à margem desta. Por outro lado, procurei destacar a agência das comunidades e seus habitantes sobre essas transformações impostas, guiando-me pelo seu impacto sobre as identidades, tanto as auto-afirmadas como as atribuídas, e nas relações sócio-produtivas. Concluo analisando a relação do Estado com as comunidades, apontando a incongruência entre práticas neoliberais e o modo de vida tradicional da serra peruana e mostrando que conceitos discriminatórios de raça seguem operando, ainda que ocultados sob a definição de pobreza. |