Abstract:
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O objetivo deste trabalho é abordar algumas questões relativas à constituição social da experiência da deficiência, a partir de uma abordagem dos campos de estudos sobre deficiência, das políticas públicas sobre a questão e de uma análise de narrativas de pessoas com deficiência. A abordagem tem como foco as questões de construção da pessoa, do corpo e da subjetividade, no sentido de compreender como essas categorias se articulam na manifestação da deficiência como identidade política. Utilizou-se, para a pesquisa de campo, procedimentos qualitativos e de diálogo com os sujeitos, próprios ao método de cunho etnográfico, a partir da observação participante e de entrevistas e conversas com pessoas com deficiência com histórico de ativismo. Também foi feita uma análise de políticas públicas de saúde, a fim de verificar a transversatilidade da deficiência. Neste estudo conclui-se que a deficiência atua como um regime de subjetivação no contemporâneo. Busco compreender a especificidade desse processo de subjetivação ao partir do conceito de resiliência, ou seja, a capacidade de um ser humano em superar-se, adaptar-se e construir atitudes positivas a partir das adversidades da vida. Assim, a manifestação de uma deficiência, condição esta através da qual se experimenta situações extremas ou interrupções de determinadas atividades da vida cotidiana em decorrência de restrições físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, evidencia essa possibilidade de transformação, de transcendência do sujeito aos seus próprios limites corporais. A deficiência, sempre inesperada, é a demonstração de que a subjetividade nunca é lugar ideal, seguro e estável. Justamente por isso que as pessoas com deficiência são também sujeitos desejantes. |