Abstract:
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A perda dos elementos dentais leva à reabsorção do rebordo alveolar, com posterior alteração do terço inferior da face e do padrão estético do paciente. As técnicas de reconstrução com enxerto de osso autógeno apresentam resultados positivos, com ganho adequado de osso, mas têm como grande desvantagem a necessidade de um segundo sítio cirúrgico para a doação do tecido ósseo. Algumas opções para substituir ou repor o tecido ósseo perdido vêm sendo estudadas. Neste contexto aparecem as células-tronco (CT), que apresentam a capacidade de auto-renovação e de gerar células diferenciadas de diferentes tipos de tecidos, e, por isso, demonstram potencial para reparar tecidos lesados ou perdidos. A Engenharia de Tecidos é uma nova disciplina que abrange os princípios e métodos da biologia e da engenharia, para desenvolver substitutos para o reparo e a regeneração de tecidos lesados ou perdidos, e envolve a tríade células, arcabouço (scaffold) e indutores biológicos. No campo da Odontologia, essa nova abordagem traz a esperança de regeneração de tecido ósseo e dentário, ligamento periodontal, polpa e esmalte e, quem sabe, até o desenvolvimento de novos dentes. O rápido avanço que vem acontecendo na área de engenharia tecidual, a partir do descobrimento e estudo das células-tronco de origem dental, dos fatores indutores de diferenciação e dos diversos materiais disponíveis para uso como arcabouços, justifica a realização deste estudo cujo objetivo foi realizar uma revisão de literatura para verificar o estado da arte quanto ao uso de células-tronco na regeneração e engenharia de tecido ósseo. Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos atuais e livros e artigos clássicos relacionados aos temas células-tronco e regeneração óssea, entre o ano de 1994 até 2014. A literatura mostra que as CT apresentam capacidade de autorrenovação e, quando se multiplicam, podem permanecer com as características de indiferenciação ou se diferenciar em outros tipos celulares. Dentre Os tipos de CT estão as embrionárias (CTE) e as adultas (CTA), dependendo da fonte tecidual de onde as mesmas são obtidas. Para vencer as barreiras éticas e legais do uso de CTE, os pesquisadores têm se voltado cada vez mais para os estudos utilizando CT de tecidos adultos, tanto no que diz respeito às análises do perfil gênico/molecular dessas células, quanto à diferenciação celular e perspectivas de aplicação clínica. Existem diversas fontes de CTA, tais como cordão umbilical, medula óssea, tecido adiposo, tecidos dentários, entre outras. Mas as fontes teciduais ideais para a obtenção das CTA são aquelas em que a coleta causa a menor morbidade possível, porém garantindo quantidade suficiente de células para isolamento e expansão. Para a aplicação terapêutica das CT, principalmente na área odontológica, os arcabouços são necessários para, além de fornecer o suporte mecânico, garantir a interação com as substâncias da matriz extracelular. Para chegar ao arcabouço ideal muitas propriedades estão sendo estudadas como a composição química, a carga eletrostática, a textura superficial/rugosidade, a configuração geométrica, e a modificação biomimética, pois dentro dessas propriedades existem muitas opções de materiais. Para fechar a tríade da regeneração óssea, as moléculas indutoras do crescimento e diferenciação celular, como as BMPs, TGF- β, FGF, IGF, VEGF, PDGF, EGF, PTH / PTHrP e interleucinas, atuam na cascata de formação do osso estimulando a migração, mitose, angiogênese e, proliferação e a diferenciação celular. Através desses mecanismos elas ativam outras moléculas e preparam o meio para a regeneração óssea, podendo ser adicionadas no momento do implante ou previamente incorporadas ao arcabouço. O uso do PRP é um protocolo já consolidado há alguns anos na área da medicina e da odontologia, e utilizado com sucesso em diversas pesquisas, onde o PRP atua como arcabouço e fornece fatores de crescimento que aceleram o processo de regeneração óssea. Entretanto, embora diversos materiais venham sendo estudados ao longo dos anos, ainda não há consenso de qual arcabouço é o ideal ou o mais indicado, bem como ainda não há definição dos fatores indutores de diferenciação mais adequados, e a sua concentração e disponibilização espacial e temporal, para aplicação clínica em casos de reconstrução e regeneração óssea. Após esta revisão pode-se concluir que a regeneração óssea com CT é algo possível de acontecer. Alguns estudos nessa área já obtiveram sucesso, porém mais pesquisas devem ser realizadas, principalmente na área da odontologia, para o desenvolvimento de protocolos terapêuticos clínicos seguros e de eficácia previsível. |