Abstract:
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Neste trabalho, analiso os sentidos das memórias construídas por descendentes de imigrantes alemães no contexto de alguns municípios do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina (SC). Entrevistas e documentos familiares constituem-se como as principais fontes de pesquisa. As memórias narradas pelos descendentes de alemães envolvem temas como: os motivos da imigração para o Brasil; o período de violência de Estado sofrida durante as campanhas de nacionalização do Estado Novo (1937-1945); a alegada associação de imigrantes alemães ao nazismo; a relação com antepassados e entre gerações; a importância das habitações e dos móveis na construção das memórias e identidades; entre outros. Assim, ancorado na sociologia da memória, proponho uma análise das memórias de descendentes de imigrantes alemães sobre eventos associados à história e à identidade deles próprios e de seus antepassados. Para desenvolver esta análise, irei explorar a tensão entre as memórias construídas pelos agentes sociais, que tendem a fixar e monumentalizar o passado, e o devir da memória, que opera uma desterritorialização das formas solidificadas do passado, estabelecendo uma zona de indiscernibilidade entre o passado e o presente. Em face aos fluxos do devir da memória, verifica-se uma resistência ao devir por parte dos agentes sociais, visando fixar o passado por meio de uma memória que possua autenticidade e coerência histórica. Deste processo resulta a produção de memórias inexatas. Explicar de que forma ocorre o devir da memória, e identificar quais os elementos simbólicos responsáveis pela inexatidão da memória, é desvelar o sentido inerente das narrativas sobre o passado no contexto dos distintos grupos sociais. |