Abstract:
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Esta dissertação compreende o estudo de discursos de ativistas a respeito da influência da sociedade civil transnacional (SCT) sobre a Rio-92, também conhecida por Eco 92. Múltiplas fontes embasaram este estudo: entrevistas com ativistas que foram protagonistas durante os eventos preparatórios e de culminância; documentos históricos como a Agenda 21, a Declaração do Rio de Janeiro e os Tratados Alternativos da Sociedade Civil; a bibliografia consolidada no tema; conceitos e noções referentes ao atravessamento dos limites estatais exercido pela sociedade civil, em sua configuração e formas de atuação; e abordagens pós-coloniais para a contextualização do sistema atual e de possibilidades de transformação imaginadas no Sul. A análise de discursos dos ativistas demonstra que o evento representou um momento de emergência de um pensamento de fronteira, de fissura no imaginário dominante, que permitiu que a Rio-92 fosse uma ocasião maior que a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), e congregasse ocasiões como o Fórum Global, evento paralelo composto predominantemente por ONGs e movimentos sociais. As disputas da SCT por hegemonia no direcionamento de discursos e na organização do evento paralelo compartilharam espaço com propósitos de reconhecimento da transversalidade de lutas sociais e ambientais (majoritariamente orientados por um pensamento do Sul), e na conformação de novas redes de relações entre atores de cunho não-governamental, governamental e intergovernamental. Foi possível perceber que as conferências da ONU da década de 1990 se configuraram como estruturas de oportunidade política de internacionalização das ações coletivas, insurgentes na Rio-92 em muito devido às novas alianças estabelecidas. Mais além, a SCT constituiu distintos modos de atribuição de sentido para o desenvolvimento sustentável, o principal tema de discussão do evento, de acordo com a orientação dos projetos políticos dos grupos - fossem projetos tendentes à construção de contra hegemonias ou à colaboração com o sistema dominante.<br>
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