Abstract:
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A interação entre compostos metálicos e biomoléculas tem sido alvo de importantes estudos na atualidade, devido a sua importância em processos bioquímicos e biotecnológicos, já que muitos desses complexos podem ser usados no desenvolvimento de novas técnicas terapêuticas, como agentes antitumorais, no controle de doenças fúngicas e no desenvolvimento de novas técnicas terapêuticas. Por isso, diversos complexos de metais de transição, como ferro(III), zinco(II) e cobre(II) e complexos de lantanídeos tiveram sua atividade como nucleases químicas descrita. Os estudos da ação de novos complexos sobre biomoléculas levam à determinação de seus mecanismos de ação, parâmetros cinéticos e interação, demonstrando se estes podem ter alguma atividade de interesse. Neste trabalho foi feita a caracterização da atividade de clivagem e interação do novo complexo de ferro, tris-([1,2,5]- tiadiazolo-[3,4-f] - [1,10]-fenantrolina Ferro (II)) hexafluorofosfato frente a moléculas de DNA e das proteínas BSA (Albumina do soro bovino) e TRP (transtirretina). Os resultados obtidos mostram que o complexo é capaz de clivar o DNA plasmidial em baixas concentrações (4 e 6 μM), pHs próximos ao fisiológico (7,0) e em 5 minutos de exposição à luz UV, porém não apresenta nenhuma atividade em condições de escuro. Estudos mecanísticos foram realizados e mostraram que este complexo degrada o DNA preferencialmente por seu sulco maior, de forma totalmente independente de oxigênio e provavelmente por uma oxidação direta das bases do DNA promovida pela forma excitada do complexo. As análises cinéticas mostraram que, em comparação com a degradação natural do DNA, a reação catalisada pelo complexo é 5,23x108 vezes mais rápida e que a atividade do complexo é aproximadamente 6.000 vezes maior quando este é exposto à luz. Ensaios com diferentes substratos foram realizados (proteínas BSA e TRP) e aparentemente o complexo não tem atividade de clivagem. Para analisar que tipo de interação há entre o complexo e o DNA foram realizados ensaios de titulação espectrofotométrica, espectros de dicroísmo circular, efeito da força iônica na clivagem e desnaturação térmica do DNA. Foi possível perceber que o aumento da força iônica presente no meio reacional inibe a atividade do complexo, indicando interações eletrostáticas entre complexo e DNA. Os ensaios de titulação espectrofotométrica e desnaturação térmica não permitiram determinar um tipo de interação, já que não houve alterações significativas na temperatura de desnaturação (Tm) do DNA, nem no espectro de UV do complexo. Finalmente, no espectro de Dicroísmo Circular, após a adição do complexo, houve uma diminuição drástica na intensidade das bandas positiva e negativa do DNA, o que indica uma diminuição no empilhamento das bases do DNA e também em sua helicidade, além disso, houve o surgimento de novas bandas e aparecimento de um ponto isodicróico que demonstra a alteração na conformação do DNA. |