Abstract:
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O comportamento do consumidor infantil vem sendo estudado desde 1950. Devido ao grande poder econômico das crianças e de sua influência sobre as compras familiares, houve um aumento considerável das estratégias de marketing direcionadas ao público infantil, especialmente na televisão (TV). Estima-se que crianças e adolescentes gastem em média 5 horas diárias assistindo TV, o que equivale a cerca de 200 comerciais por dia. No Brasil, alimentos são os produtos mais freqüentemente anunciados, sendo que a maioria deles pertence ao grupo representado por gorduras, óleos, açúcares e doces na pirâmide alimentar. Por ser uma atividade sedentária e promover o consumo de alimentos pouco saudáveis, a TV tem sido acusada de contribuir para o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças no mundo todo. O objetivo do presente trabalho foi estudar o comportamento do consumidor escolar (n = 57, 7 - 10 anos) e sua relação com o hábito de assistir TV, as preferências alimentares e o estado nutricional. A metodologia incluiu entrevistas (Grupos Focais), aplicação de um questionário e avaliação antropométrica. Os dados foram coletados nos meses de outubro e novembro de 2005. As entrevistas foram gravadas, seu conteúdo foi transcrito verbatim e processado através da Análise de Conteúdo. Os dados dos questionários foram analisados utilizando o ?2 e análise de variância. As diferenças entre os grupos foram consideradas significativas quando p < 0,05. A avaliação antropométrica utilizou as medidas de peso, altura e circunferência da cintura para identificar eutrofia, sobrepeso, obesidade e adiposidade central. A análise de conteúdo das entrevistas revelou que os estudantes gostavam muito de assistir TV, não tinham restrição de horário para esta atividade e estavam habituados a fazer suas refeições e lanchar enquanto assistiam; recebiam dinheiro de pais e avós; a maioria gastava imediatamente ou após poupar apenas o suficiente para comprar algo desejado; faziam compras por impulso e se arrependiam; eram influenciados pela televisão, mas não confiavam nas propagandas; quando não ganhavam o que queriam, apelavam principalmente para a negociação; muitos relataram sentimentos de tristeza ou contrariedade. A análise dos dados dos questionários revelou que todos os estudantes tinham TV em casa (média de 3,3 aparelhos por domicílio); 75 % tinham TV no próprio quarto; os horários em que mais assistiam TV eram durante as refeições e antes de ir dormir. A grande maioria costumava beliscar enquanto assistia TV (98 %) ou fazia as refeições com a TV ligada (89,5 %); 77 % pediam aos pais os alimentos que viam anunciados na TV. O consumo semanal de guloseimas foi baixo; o consumo semanal de hortaliças e frutas foi muito inferior ao recomendado na pirâmide alimentar. Foram encontradas diferenças significativas entre os sexos: meninas e meninos gastavam seu dinheiro em coisas diferentes; meninos faziam mais refeições por dia, consumiam mais verduras, faziam mais atividade física e faziam menos refeições assistindo TV. Os estudantes classificados como espectadores freqüentes de TV (4 ou mais vezes ao dia) comiam menos verduras semanalmente do que os moderados. A avaliação do estado nutricional revelou que 12,7 % apresentavam sobrepeso / obesidade e 9,1 % apresentavam adiposidade central. Os estudantes com sobrepeso / obesidade assistiam mais TV nos fins de semana, mas consumiam menos guloseimas semanalmente do que seus colegas eutróficos. Os resultados apontam para a necessidade de desenvolver estratégias, tais como aconselhamento aos pais e programas escolares, que auxiliem os estudantes a reduzir o tempo que passam assistindo TV e possam prevenir futuros problemas de saúde na população estudada. Também seria importante desenvolver estratégias voltadas para a educação da criança como consumidora. |