Abstract:
|
Partindo de uma população de 1216 alunos-abandono na UFSC nos semestres 97-1 e 97-2, foram enviados 941 questionários àqueles que tinham endereço postal completo. Houve 80 respostas, 73 das quais consideradas válidas. Os resultados mostram que houve uma distribuição homogênea de respondentes dentre os vários cursos da universidade e uma concentração de abandono nas primeiras fases, que pode se justificar pela falta de informação e conseqüente decepção pelo curso. Procurando identificar pontos em comum no discurso dos respondentes que justificassem um determinado tipo de comportamento em relação ao curso universitário escolhido, propõe-se que existam três perfis básicos nos quais se pode identificar um aluno-abandono. As diferenças de comportamento estão baseadas em características individuais, do ambiente interno da UFSC e das condições exteriores a esta instituição. O perfil mais freqüente no grupo analisado foi o fator "indivíduo" como dominante na escolha. Neste perfil, não havia de antemão um interesse maior do aluno pelo curso e, por conseguinte, pouca ou nenhuma expectativa positiva em relação à sua conclusão. A partir de algum momento durante a graduação, houve uma mudança de interesse que ocasionou o abandono. O aluno que deixou a universidade nestas condições não se arrepende de sua decisão. No perfil "ambiente externo", cuja ocorrência foi a de segunda maior freqüência, o que ocorre é um interesse do aluno pelo curso num primeiro momento, uma expectativa positiva em relação à sua conclusão e a possibilidade de exercer a carreira escolhida. Em algum momento durante a graduação, o fator externo é preponderante na escolha do abandono, e este aluno continuaria o curso, caso as condições externas lhe fossem favoráveis. Em menor freqüência, aparecem os fatores ligados à própria estrutura da UFSC. Neste caso, apesar do interesse inicial do aluno pelo curso, e da expectativa positiva em relação à sua conclusão e a possibilidade de exercer a carreira escolhida, a partir de algum momento durante a graduação, algum fator interno da instituição foi definitivo na opção pelo abandono e este aluno tomaria a mesma decisão novamente. Conclui-se que se, do ponto de vista institucional, o abandono é uma perda, para o jovem este foi um momento de reflexão, ainda que tardio, sobre seus valores e perspectivas de futuro. Tal decisão foi, para a maioria dos ex-alunos pesquisados, um momento importante e positivo em suas vidas. |