Tamanho de parcela no monitoramento da restauração florestal em dois fragmentos de Floresta Ombrófila Mista no município de Abelardo Luz - SC

Abstract

No cenário da restauração florestal, a Mata Atlântica assume protagonismo global não apenas por ser um hotspot de biodiversidade, mas por sua função estratégica na segurança hídrica e climática das regiões mais populosas do Brasil. Devido ao seu alto grau de fragmentação e histórico de degradação, o bioma tornou-se o berço de iniciativas de governança pioneiras, sendo a principal delas o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. Criado em 2009, este movimento multissetorial atua como a espinha dorsal da restauração no país, articulando ONGs, governos, empresas e centros de pesquisa em torno da meta de restaurar 15 milhões de hectares até 2050. O Pacto estabelece padrões técnicos e científicos que profissionalizaram o setor. Neste contexto, o monitoramento da restauração emerge como ferramenta indispensável de validação. Entre as convenções e padrões estabelecidos pelo Pacto, está o do tamanho de parcela de 100 m² para o monitoramento da restauração florestal. O presente estudo almejou investigar a suficiência amostral de diferentes tamanhos de parcelas estabelecidas em duas área de um projeto de restauração na Floresta Ombrófila Mista de Abelardo Luz – SC. Para avaliar a relação entre a variância e o tamanho da área amostrada, utilizou-se o Método das Parcelas Adjacentes. A partir de unidades básicas de 10m², foram simulados diferentes tamanhos de parcela (10, 20, 30,..., 100 m²) através do agrupamento espacial de sub-parcelas contíguas, seguindo o arranjo físico de campo. As variáveis mensuradas foram a abundância e a riqueza de espécies nas áreas de restauração Maria Silverston e Volta Grande. A observação gráfica do Coeficiente de Variação e do Erro Amostral Relativo permitiu identificar pontos de assíntota na distribuição dos estimadores, em formato de J-invertido para as variáveis nas duas áreas. O Índice de Heterogeneidade de Smith (b) forneceu a explicação ecológica para as diferenças estatísticas entre as áreas. O método de simulação de Monte Carlo permitiu evitar o viés da ordem de amostragem dos diferentes tamanhos de parcela, fornecendo uma métrica para calcular o ganho marginal de precisão. Com isso, concluiu-se que a metodologia empregada foi sensível às diferentes áreas onde as variáveis foram mensuradas, fornecendo base para a conclusão sobre tamanho mínimo de parcela. Parcelas de 60 m² apresentam suficiência amostral, permitindo uma redução potencial de 24% na área total amostrada em Maria Silverston, e 27,14% em Volta Grande.

In the context of forest restoration, the Atlantic Forest takes on global prominence not only as a biodiversity hotspot, but also for its strategic role in the water and climate security of Brazil's most populated regions. Due to its high degree of fragmentation and history of degradation, the biome has become the cradle of pioneering governance initiatives, the main one being the Pact for the Restoration of the Atlantic Forest. Created in 2009, this multi- sectoral movement acts as the backbone of restoration in the country, bringing together NGOs, governments, companies, and research centers around the goal of restoring 15 million hectares by 2050. The Pact establishes technical and scientific standards that have professionalized the sector. In this context, monitoring restoration emerges as an indispensable validation tool. Among the conventions and standards established by the Pact is the 100 m² plot size for monitoring forest restoration. This study aimed to investigate the sampling sufficiency of different plot sizes established in two areas of a restoration project in the Mixed Ombrophilous Forest of Abelardo Luz – SC. To evaluate the relationship between variance and the size of the sampled area, the Adjacent Plots Method was used. Starting from basic units of 10 m², different plot sizes (10, 20, 30,..., 100 m²) were simulated through the spatial grouping of contiguous subplots, following the physical field arrangement. The measured variables were the abundance and richness of species in the Maria Silverston and Volta Grande restoration areas. The graphical observation of the Coefficient of Variation and the Relative Sampling Error allowed the identification of asymptote points in the distribution of the estimators, in an inverted-J shape for the variables in both areas. Smith's Heterogeneity Index (b) provided the ecological explanation for the statistical differences between the areas. The Monte Carlo simulation method allowed us to avoid sampling order bias from different plot sizes, providing a metric to calculate the marginal gain in precision. Therefore, it was concluded that the methodology employed was sensitive to the different areas where the variables were measured, providing a basis for the conclusion regarding the minimum plot size. Plots of 60 m² show sufficient sampling capacity, allowing a potential reduction of 24% in the total area sampled in Maria Silverston, and 27.14% in Volta Grande.