O eixo franco-alemão como motor da integração europeia: da cooperação política à cooperação em defesa

Abstract

O presente trabalho apresenta o estabelecimento do eixo franco-alemão enquanto motor do processo de integração europeia, com ênfase na evolução da parceria desde suas origens na cooperação política e econômica até seu papel de liderança em matéria de defesa na União Europeia. A análise abrange o período desde a reconciliação pós-Segunda Guerra Mundial, estendendo-se pela institucionalização da parceria até os desenvolvimentos mais recentes impulsionados pelo Brexit e pela Guerra na Ucrânia. A cooperação é definida por sua densa rede institucional, iniciada pelo Tratado do Eliseu, mas também por ser marcada por um paradoxo entre a vontade política de integração e profundas divergências nas culturas estratégicas nacionais. Essa assimetria tornou necessária a busca constante por consenso, processo que gerou tensões operacionais e industriais, mas que, ao mesmo tempo, impulsionou a criação de mecanismos de coordenação. Assim, a parceria prosperou ao atuar como polo de estabilidade e liderança em momentos de crise, convertendo o compromisso político em avanços institucionais que, sem o impulso do eixo, tenderiam à estagnação. O estudo conclui que o eixo estabeleceu um sistema de consultas e coordenação que lhe confere um peso político superior no processo decisório do bloco, e que a eficácia do eixo na área da defesa é proporcional à capacidade de ambos os países de superar tais divergências e transformar diferenças em complementaridades. Portanto, a fim de realizar essa abordagem, a pesquisa adota uma metodologia qualitativa, baseada na análise documental, abrangendo fontes primárias como documentos diplomáticos, declarações de líderes e documentos doutrinários de defesa, e fontes secundárias como livros e artigos acadêmicos.

This study presents the establishment of the Franco-German axis as the driving force behind the process of European integration, emphasizing the evolution of the partnership from its origins in political and economic cooperation to its leading role in defence within the European Union. The analysis covers the period from the post–Second World War reconciliation through the institutionalization of the partnership and up to the most recent developments driven by Brexit and the War in Ukraine. The cooperation is defined by its dense institutional network, initiated by the Élysée Treaty, but also by a paradox between the political will for integration and deep divergences in national strategic cultures. This asymmetry made the constant search for consensus necessary, a process that generated operational and industrial tensions while simultaneously stimulating the creation of coordination mechanisms. Thus, the partnership has thrived by acting as a pole of stability and leadership in moments of crisis, converting political commitment into institutional advances that, without the impulse of the axis, would tend toward stagnation. The study concludes that the axis established a system of consultations and coordination that grants it greater political weight in the Union’s decision-making process, and that its effectiveness in the field of defence is proportional to both countries’ ability to overcome such divergences and transform differences into complementarities. Therefore, in order to conduct this approach, the research adopts a qualitative methodology based on documentary analysis, encompassing primary sources such as diplomatic documents, statements by political leaders, and defence doctrinal documents, as well as secondary sources such as books and academic articles.