Dinâmicas internas do conceito de reconhecimento: problemas de normatividade e a potencialidade de uma crítica imanente descritiva

Abstract

A presente tese discute o empenho de Hegel acerca do conceito de reconhecimento, apresentando as evidências em favor da possível distinção entre suas propriedades normativas e descritivas. Posteriormente, desenvolve uma discussão de autores com abordagens específicas do conceito, com intenção de apresentar quais argumentos dos autores validam os argumentos centrais da tese. Por fim, tenta demonstrar as limitações normativas do conceito de reconhecimento diante da multiplicidade e contingencialidade da história, defendendo a tese de que o uso de propriedades que tenham por fundamento a construção lógica e descritiva do conceito, em um quadro epistemológico múltiplo e de imanência do reconhecimento no próprio desenrolar do conceito, pode vir a oferecer, no tensionamento em direção à forma, alguma validade ?universal? alternativa à elaboração normativa do conceito que elege o conteúdo como primazia ? esta, condicionada à arbitrariedade da contingência histórica que coloca a materialidade de conjuntos de práticas sociais no lugar da outridade diante da referencialidade normativa de práticas e estruturas sociais do ocidente hegemônico. Concomitantemente, a tese se opõe à abstração que entende por universal a racionalidade euro- centrada.

Abstract: This thesis presents Hegel's outline of the concept of recognition, presenting evidence supporting the possible distinction between its normative and descriptive properties. Subsequently, it develops a discussion of authors with specific approaches to the concept, intending to propose which points strengthen and weaken the central arguments of the thesis. Finally, it attempts to demonstrate the limitations of the normativity of the concept of recognition in the face of the multiplicity and contingency of history, defending the thesis that the use of properties based on the logical and descriptive construction of the concept, within a multiple epistemological framework and a realization of the concept as insurgent of immanent critique, may offer, in form, some \"universal\" validity alternative to the normative elaboration of the concept that elects content as primacy ? the latter, conditioned to the arbitrariness of historical contingency that places the materiality of any set of social practices in the position of otherness before the normative referentiality from the practices and social structures of the hegemonic West. Concomitantly, the thesis opposes the abstraction that understands Euro- centered rationality as universal.