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Abstract:
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Nas próximas décadas, o crescimento populacional e as mudanças nos padrões de
consumo devem pressionar a produção agrícola e o uso da terra, impondo desafios significativos
à segurança alimentar global. Nesse cenário, o Brasil ocupa posição estratégica como um dos
principais fornecedores mundiais de alimentos; entretanto, limites físicos, ambientais e relativos
à escolha de uso da terra tornam imprescindível a elevação contínua da produtividade para
atender às projeções de demanda. Este estudo analisa os impactos desse contexto por meio de
simulações realizadas com o modelo de equilíbrio geral ORANI-G, considerando dois cenários:
C1, de estagnação da produtividade, e C2, de manutenção dos ganhos históricos. Os resultados
indicam que, diante das demandas de alimento estimadas, no cenário C1, a área agrícola poderia
se expandir em até 45,4% até 2055, enquanto no cenário C2 essa expansão se reduziria para 8,2%,
evidenciando o papel central dos avanços técnicos. Em culturas como arroz, milho, trigo, feijão
e café, os ganhos de produtividade seriam suficientes para compensar integralmente a pressão
sobre a terra, resultando até em retrações da área cultivada; por outro lado, a bovinocultura e a
cana-de-açúcar permanecem como os principais vetores de pressão territorial devido à elevada
demanda por espaço e à menor eficiência produtiva. Conclui-se que a continuidade da inovação
tecnológica, sobretudo na bovinocultura, e a adoção de estratégias de intensificação sustentável
serão determinantes para compatibilizar o aumento da produção com o uso eficiente dos recursos
disponíveis, assegurando a contribuição do Brasil para a segurança alimentar global. |