Resumo:
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INTRODUÇÃO E OBJETIVO: A obesidade sarcopênica (OS) é uma condição caracterizada pela sarcopenia associada ao aumento de tecido adiposo. Idosos com OS têm maior risco de quedas e fraturas em comparação àqueles com obesidade ou sarcopenia isoladas. No entanto, os critérios que têm sido empregados para definir OS ainda são inconsistentes, destacando-se a necessidade de novos estudos. Assim, nosso objetivo foi avaliar a associação entre a OS, considerando diferentes critérios diagnósticos propostos pela ESPEN/EASO 2022, e o histórico de quedas em idosos italianos hospitalizados. MÉTODOS: Estudo transversal com 90 idosos italianos (≥60 anos) com obesidade severa (índice de massa corporal ≥35kg/m²) hospitalizados para um programa multidisciplinar de redução de peso corporal. A OS foi classificada por diferentes critérios diagnósticos, considerando em todos eles a presença concomitante de função muscular reduzida, elevado percentual de massa gorda e baixo percentual de massa muscular ajustada pelo peso corporal. A função muscular foi avaliada pelo teste de sentar e levantar da cadeira de cinco repetições (TSL5) [≥17 segundos para ambos os sexos] ou pela baixa força de preensão manual (FPM) [<16kg mulheres e <26kg homens]. A massa gorda (MG%) foi avaliada pela Absorciometria de Raios X de Dupla Energia (DXA) [MG% = ≥43,0% mulheres e ≥31,0% homens] ou pela Biompedância elétrica (BIA) [MG% = ≥40,7% mulheres e ≥27,3% homens]. A massa muscular apendicular ajustada pelo peso corporal (AMM/W) foi avaliada pelo DXA [AMM/W = ≤19,4% mulheres e ≤25,7% homens] e a massa muscular esquelética ajustada pelo peso corporal (SMM/W) foi avaliada pela BIA [SMM/W = ≤22,1% mulheres e ≤31,5% homens]. Assim, quatro diagnósticos de SO foram analisados: 1) TSL5+MG%+ AMM/W; 2) TSL5+MG%+ SMM/W; 3) FPM + MG% + AMM/W; 4) FPM+ MG% + SMM/W. O desfecho foi o autorrelato de queda no último ano (sim ou não). Foi realizada regressão logística multivariável ajustada para sexo, faixa etária, escolaridade, situação conjugal, multimorbidade, etilismo e nível de atividade física. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Houve associações significativas entre OS e ocorrência de queda somente quando a baixa função muscular foi avaliada pela HGS, independente do método utilizado para estimar a massa gorda e o índice de massa muscular. Nas análises ajustadas, os idosos analisados com SO pelos diagnósticos de FPM + MG % + SMM/W e FPM + MG % + AMM/W tiveram quase quatro vezes (OR = 3,91; IC95%: 1,33;11,45) e sete vezes (OR = 6,75; IC95%: 1,91; 23,80) maiores chances de terem relatado queda no último ano, respectivamente. CONCLUSÃO: A OS, definida pela baixa FPM em conjunto com elevada MG% e baixos índices de massa muscular, avaliadas tanto pela BIA, quanto pelo DXA, aumentaram as chances de quedas nos idosos italianos amostrados. Tais resultados podem auxiliar na padronização dos melhores critérios diagnósticos da OS nessa população específica de pessoas idosas, considerando a ocorrência de queda como um desfecho relevante para a manutenção da funcionalidade. |