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Abstract:
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A Paralisia Cerebral (PC) é a principal causa de deficiência física na infância, caracterizada por distúrbios permanentes do movimento e da postura, frequentemente associados a alterações sensoriais, cognitivas e comportamentais. Este estudo integra o projeto multicêntrico PartiCipa Brasil e teve como objetivo acompanhar a funcionalidade e a incapacidade de crianças e adolescentes com PC da região Sul do país, utilizando instrumentos padronizados para análise do perfil clínico, socioeconômico e funcional dessa população. Trata-se de um estudo descritivo com coleta de dados realizada entre julho de 2024 e julho de 2025, envolvendo 77 participantes com idade inferior a 18 anos. Foram aplicados os seguintes instrumentos: Questionário de Fatores Contextuais, Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS), Sistema de Classificação da Habilidade Manual (MACS), Escala de Mobilidade Funcional (FMS) e o Pediatric Evaluation of Disability Inventory Computer Adaptative Test (PEDI-CAT). Os resultados mostraram predominância do sexo masculino (66,23%), renda familiar de até três salários-mínimos (77,92%) e dependência do SUS (62,34%). A tipo de PC mais comum foi a espástica (68,83%), com maior ocorrência de quadriplegia (47,36%). Quanto ao perfil funcional, 42,1% estavam no nível V do GMFCS e 45% nos níveis IV-V do MACS, indicando alta proporção de indivíduos com limitações graves. Em contrapartida, no PEDI-CAT, a maioria apresentou desempenho dentro do esperado nos domínios de atividades diárias, mobilidade e cognição social, mas 13% apresentaram dificuldades no domínio de responsabilidade. Na avaliação da mobilidade pelo FMS, verificou-se declínio progressivo conforme o aumento da distância. Nas reavaliações do segundo ano, 6,25% apresentaram agravamento no GMFCS e 21,87% alterações no MACS, com variações positivas e negativas. O FMS evidenciou maior limitação de mobilidade em participantes previamente usuários de dispositivos, enquanto o PEDI-CAT mostrou melhoras nos domínios de atividades diárias, mobilidade e social/cognitivo, mas queda no domínio de responsabilidade (40,91%). Esses achados confirmam a heterogeneidade funcional da PC, a coexistência de progressos e regressões ao longo do tempo e a relevância de avaliações periódicas para o acompanhamento clínico e terapêutico. |