Avaliação da qualidade de vida e da dor pós-operatória de pacientes submetidos a reparo da hérnia inguinal por videolaparoscopia com o uso de tela auto fixante: estudo observacional prospectivo

Abstract

Introdução: O reparo da hérnia inguinal é uma das mais comuns cirurgias realizadas pelos cirurgiões gerais no mundo. O tratamento da hérnia inguinal é cirúrgico, sendo realizado por reparo aberto (Lichtenstein) e reparo laparoscópico (TAPP e TEP). O reparo inguinal laparoscópico, tem apresentado vantagens como menor dor pós-operatória aguda e crônica, menos infecção de ferida e recuperação mais precoce, com igual taxa de recidiva semelhante ao reparo aberto. No entanto, a dor crônica continua sendo uma preocupação no reparo laparoscópico. A fixação da tela com grampos pode ser motivo da causa da dor, por isso, métodos como fixação com cola e a tela auto fixante (ProGrip Lap TM) têm sido usados e estudados. Por fim, instrumentos de qualidade de vida específicos para o reparo de hérnia, como o EuraHsQoL, têm sido avaliados e usados para verificar a qualidade de vida no seguimento pós-operatório do reparo da hérnia inguinal. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os indicadores de qualidade de vida e as características da dor pós-operatória em pacientes operados pela técnica laparoscópica pré-peritoneal trans abdominal (TAPP) e com uso de tela autofixante. Desenho do estudo: Estudo prospectivo, tratou-se de um conjunto de dados longitudinais, em uma única coorte de pacientes sem grupo controle. Métodos: Foram incluídos no estudo 90 pacientes, de ambos os sexos, com idade acima de 18 anos, que foram operados pela técnica TAPP e usando tela autofixante. Foi aplicado o questionário EuraHs-QoL nos tempos de pré-operatório, e nos pós-operatórios de um, três e seis. A dor foi avaliada pela escala numérica da dor, no pré-operatório e em 7 dias, 3 e 6 meses de pós-operatório. Foi usado um modelo linear misto para avaliar a evolução do escore EuraHs-QoL. Resultado: A maioria dos pacientes foi do sexo masculino (94,4%), com idade média de 57,9 anos. A hérnia foi unilateral em 71% dos pacientes. Na evolução dos escores EuraHs-QoL, não houve diferença entre o escore do pré-operatório e do primeiro mês. Já entre o escore do pré-operatório e do escore do terceiro e sexto mês de pós-operatório houve diferença significativa (P<0,001). Os preditores que tiveram influência significativa na linha do tempo dos escores EuraHs-QoL foram a restrição pré-operatória, o peso do paciente, a dor pós-operatória (7 dias de PO), a dor inguinal pré-operatória e a cosmética inguinal do paciente, todos com P<0,05. Conclusão: A cirurgia de hérnia inguinal laparoscópica pré-peritoneal transabdominal (TAPP) com uso da tela autofixante teve impacto positivo na melhora da qualidade de vida nos 6 meses de pós-operatório.

Abstract: Introduction: Inguinal hernia repair is one of the most performed surgeries by general surgeons worldwide. The treatment of inguinal hernia is surgical, typically performed via open repair (Lichtenstein) or laparoscopic repair (TAPP and TEP). Laparoscopic inguinal repair has shown advantages such as reduced acute and chronic postoperative pain, lower wound infection rates, and faster recovery, with recurrence rates comparable to open repair. However, chronic pain remains a concern in laparoscopic repair. Mesh fixation with staples may contribute to this pain; therefore, alternative methods such as glue fixation and self-fixating mesh (ProGrip? Lap) have been used and studied. Finally, quality of life instruments specifically developed for hernia repair, such as the EuraHs-QoL questionnaire, have been evaluated and used to assess postoperative quality of life after inguinal hernia repair. Objective: The objective of this study was to evaluate quality of life indicators and postoperative pain characteristics in patients who underwent transabdominal preperitoneal laparoscopic (TAPP) repair using self-fixating mesh. Study Design: This was a prospective study with longitudinal data from a single cohort of patients, without a control group. Methods: A total of 90 patients of both sexes, aged over 18 years, who underwent TAPP repair with self-fixating mesh were included in the study. The EuraHS-QoL questionnaire was administered preoperatively and at 1, 3, and 6 months postoperatively. Pain was assessed using the Numeric Pain Rating Scale preoperatively and at 7 days, 3 months, and 6 months postoperatively. A linear mixed model was used to evaluate the evolution of the EuraHs-QoL score. Results: The majority of patients were male (94.4%), with a mean age of 57.9 years. The hernia was unilateral in 71% of the patients. Regarding the evolution of EuraHS-QoL scores, there was no significant difference between the preoperative score and the 1-month postoperative score. However, there was a significant difference between the preoperative score and the scores at 3 and 6 months postoperatively (P < 0.001). The predictors that had a significant influence on the EuraHs-QoL score trajectory were preoperative restriction, patient weight, postoperative pain (7 days), preoperative inguinal pain, and cosmetic satisfaction, all with P < 0.05. Conclusion: Transabdominal preperitoneal laparoscopic (TAPP) inguinal hernia repair using self-fixating mesh had a positive impact on improving quality of life within 6 months postoperatively.