Quando o fenômeno vira desastre: o terremoto de 2010 no Haiti e a política ecológica moderna

Abstract

A pesquisa realizada nesta monografia foi feita através de um estudo de caso analítico com abordagem qualitativa, fundamentado na perspectiva teórico-crítica da ecologia decolonial de Malcom Ferdinand (2022). A investigação combina o uso de fontes primárias - como documentos emitidos pela ONU e pelo CSNU - e fontes secundárias - como literatura acadêmica crítica sobre Haiti, colonialismo, institucionalismo internacional e desastres -, tendo como objetivo geral investigar de que maneira o institucionalismo internacional das Nações Unidas, com ênfase no Conselho de Segurança, contribuiu para a articulação do desastre decorrente do terremoto de 2010 no Haiti, por meio da reprodução dos fundamentos coloniais e raciais da política ecológica moderna. Para isso, são desenvolvidos três objetivos específicos, que buscam (1) apresentar a política ecológica moderna a partir da perspectiva da ecologia decolonial, relacionando-a ao processo histórico de constituição do Haiti enquanto território marcado pela colonialidade.; (2) examinar como o institucionalismo internacional das Nações Unidas, em especial o CSNU, reproduz os fundamentos coloniais e raciais da política ecológica moderna em sua estrutura e atuação diante do terremoto de 2010 no Haiti; e (3) investigar de que maneira a atuação do CSNU diante do terremoto de 2010 no Haiti articulou um desastre político e social, especialmente por meio da militarização da resposta, da centralização decisória em interesses externos e da negação da soberania haitiana.