Abstract:
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As leucemias agudas representam um grupo heterogêneo de neoplasias hematológicas
resultantes da proliferação descontrolada de células progenitoras da hematopoiese na medula
óssea e/ou nos tecidos linfóides, as quais, posteriormente, com sua evolução, atingem a
circulação periférica e podem se infiltrar em outros sistemas orgânicos. A Organização
Mundial da Saúde (2008) publicou uma revisão dos critérios de classificação de neoplasias
hematológicas e determina que o diagnóstico laboratorial das leucemias agudas deve ser
baseado na avaliação morfológica, imunofenotipagem, alterações citogenéticas e biologia
molecular. O Serviço de Hematologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina (HU-UFSC) é um dos centros de referência no Estado de Santa Catarina para
neoplasias hematológicas e dessa forma, atende muitos pacientes com suspeita de leucemias
agudas. Assim, com a finalidade de conhecer o perfil dos pacientes portadores de leucemias
agudas (LA), diagnosticados e tratados no HU-UFSC, analisamos as características clínicas e
laboratoriais dos casos atendidos no período de 2006 a 2010. A coleta dos dados foi realizada
através da análise dos prontuários dos pacientes disponibilizados pelo Serviço de Prontuário
do Paciente (SPP) do HU-UFSC. A maioria dos prontuários analisados eram de pacientes com
diagnóstico de leucemia mielóide aguda (LMA) com 76,9% dos casos, seguidos da leucemia
linfóide aguda (LLA) com 21,8% e leucemia bifenotípica (1,3%). As mesorregiões do Vale
do Itajaí e Grande Florianópolis apresentaram o maior número de casos com 37,2% e 26,9%,
respectivamente. Entre as LMA, o subtipo mais frequente foi a leucemia promielocítica aguda
(LPA) com 31,6% seguida pela LMA sem maturação (20,0%). As principais queixas dos
pacientes na admissão foram anorexia, fadiga, palidez, dores pelo corpo, febre. Além de
epistaxe e gengivorragia na LMA e linfonodomegalia e hepatoesplenomegalia na LLA. Dos
pacientes com LMA, 66,7% dos casos eram menores de 60 anos, a mediana da idade na
LMA, exceto na LPA, foi de 58,5 anos e na LPA de 35 anos. Dos casos de LMA, 85,0% eram
LMA “de novo” e 15,0% LMA secundária. A análise citogenética na LMA demonstrou a
presença da t (15;17)(q22;q12) em 20% dos casos . Em relação a LLA, o subtipo mais
frequente foi de LLA B Comum (59,0%) seguido da LLA Pró-B e LLA Pró-T, ambas com
11,8% de casos. Na LLA, 47,1% de casos eram menores de 30 anos, com a mediana de 33
anos. Na LLA, 23,5% dos casos apresentaram citogenética desfavorável com a presença da t
(9;22)(q34;q11). Dos pacientes que obtiveram a remissão completa, 28,3% dos casos eram de
LMA e 35,3% de LLA. Em tratamento de manutenção havia 5% de casos de LMA. Do total
de óbitos, foram registrados 67,7% de casos na LMA e 64,7% na LLA. Desses, 16,7% na
LMA e 23,5% na LLA foram a óbito na fase de indução. Apesar de ser um estudo
retrospectivo, e que possa estar sujeito a perda de informações, os resultados obtidos nos
permitiram conhecer o perfil epidemiológico e a evolução do tratamento dos pacientes com
diagnóstico de leucemias agudas atendidos e tratados pelo Serviço de Hematologia do
HU\UFSC. Os dados obtidos nesse estudo fornecerão informações necessárias aos
profissionais da saúde para a promoção do melhor atendimento aos pacientes com leucemias
agudas e servirão de base para a formulação de futuras pesquisas prospectivas. |