Cerâmicas odontológicas: análise das propriedades mecânicas e microestrutura

Abstract

Este trabalho revisou a literatura a respeito das duas principais propriedades das cerâmicas odontológicas: a resistência flexural e a tenacidade à fratura. A resistência é mais uma propriedade condicional do que inerente ao material e seus valores são significativos quando enfocados no contexto adequado. A tenacidade â fratura mede a facilidade do crescimento da trinca a partir de uma falha inicial e é freqüentemente determinada numericamente como o valor crítico para causar a extensão da trinca no "modo l" ou a modalidade de abertura, e designada Kic . Pode concluir-se que: a diversidade de metodologias de teste para obtenção de resultados de resistência flexural e tenacidade dos materiais cerâmicos dificulta a comparação dos resultados obtidos pelas pesquisas in vitro; a resistência é uma propriedade condicional do material, apresentando a possibilidade de comparação somente quando conhecermos a microestrutura do material, história do seu processamento, metodologia de teste utilizado e o mecanismo de falha e as propriedades mecânicas dos materiais cerâmicos estão intimamente relacionados com sua microestrutura. Portanto, uma interpretação apropriada dos dados de resistência para predizer o comportamento clínico das cerâmicas requer que os defeitos críticos nos espécimes de teste sejam os mesmos daqueles envolvidos com as falhas clínicas, as influências do meio sejam reproduzidas em laboratório, os parâmetros de falha descrevam a distribuição dos defeitos e que as taxas de crescimento de trincas sejam estudadas e conhecidas.

This study is a literature review regarding the two dental ceramics main properties : flexural strength and fracture toughness. The strength is more of a conditional than an inherent material property and strenght data are meaningful when placed into a suitable context. The fracture toughness measures the ease of crack growth from an initiating flaw and is often numerically determined as the critical value to cause crack extension in 'mode l', or opening mode, and designated K1c . It follows that : the diversity of testing methodology to obtain ceramic materials flexural strength and fracture toughness results makes dificult the comparison of obtained results by the in vitro studies ; the strength is a condicional material property, showing the possibility of comparison via knowledge of material microstructure, processing history, testing methodology and failure mechanism(s) and the mechanical properties of ceramic materials are directly related with their microstructure. Thus, an apropriated interpretation of strength data to predict ceramics clinical behavior request that the critical flaws in test specimens be the same of those involved in clinical failures, the environment influences be reproduced in laboratory, the failure parameters describe the flaws distribution and that the crack growth rate be studied and known.