A crítica pela clínica: uma investigação sobre subjetividade, desejo e capitalismo a partir de Deleuze e Guattari

Abstract

A presente dissertação investiga a relação entre subjetividade, desejo e capitalismo com base nas análises críticas de Deleuze e Guattari. A pesquisa destaca a ruptura de Guattari com o estruturalismo na psicanálise e no marxismo iniciada na década de 1960, e que foi consolidada em O Anti-Édipo em parceria com Deleuze, introduzindo a esquizoanálise como ferramenta para compreender as dinâmicas entre elementos subjetivos, históricos e institucionais. O primeiro capítulo analisa como a semiótica capitalista homogeneíza o desejo, dificultando a autonomia subjetiva. O segundo capítulo explora as origens da esquizoanálise na psicoterapia institucional francesa, destacando sua funcionalidade a partir do conceito de transversalidade proposto por Guattari em 1964, e seu foco em processos de singularização, além de contextualizar o que Guattari compreendeu por Revolução Molecular na década de 1970. O terceiro capítulo discute as limitações do estruturalismo em lidar com as dinâmicas do desejo no capitalismo, em particular quando pensamos em termos de ruptura, enfatizando a necessidade de resistências descentralizadas, ao mesmo tempo que se problematiza a relação entre ruptura, subjetividade e institucionalização através de uma leitura de Maio de 68. Conclui-se que a esquizoanálise, entendida como análise social transversal, oferece uma abordagem teórica essencial para enfrentar as formas contemporâneas de captura do desejo ao conseguir analisar a emergência de novas subjetivações e lutas políticas.

Abstract: This dissertation investigates the relationship between subjectivity, desire, and capitalism based on the critical analyses of Deleuze and Guattari. The research highlights Guattari's break with structuralism in psychoanalysis and Marxism, which began in the 1960s and was consolidated in Anti-Oedipus through his collaboration with Deleuze, introducing schizoanalysis as a tool to understand the dynamics between subjective, historical, and institutional elements. The first chapter analyzes how capitalist semiotics homogenizes desire, hindering subjective autonomy. The second chapter explores the origins of schizoanalysis in French institutional psychotherapy, emphasizing its functionality through the concept of transversality proposed by Guattari in 1964, its focus on processes of singularization, and the contextualization of what Guattari conceptualized as Molecular Revolution in the 1970s. The third chapter discusses the limitations of structuralism in addressing the dynamics of desire within capitalism, particularly when thinking in terms of rupture, emphasizing the need for decentralized resistances while problematizing the relationship between rupture, subjectivity, and institutionalization through a reading of May 1968. The conclusion asserts that schizoanalysis, understood as a transversal social analysis, offers an essential theoretical framework to confront contemporary forms of desire capture since it is able to analyze the emergence of new subjectivities and political struggles.