Representação, banalização: mulher negra, publicidade e ambiguidades no e do mercado em perspectiva sociológica

Abstract

A presente dissertação investiga como mulheres negras são representadas nas capas de revistas das empresas de produtos de beleza Avon e Natura. Tomando como referência o histórico de escravidão e o racismo estrutural que marcam a presença da mulher negra na sociedade brasileira, o trabalho se fundamenta em autores da Sociologia Econômica, que abordam o mercado como um processo de construção social e passível de contestação. Também são mencionados o conceito de dominação masculina, conforme Pierre Bourdieu, e a ideia de ressignificação da beleza como um contraponto à dominação. Foram analisadas e comparadas, quinzenalmente, as representações de mulheres negras (pretas e pardas) nas capas dos catálogos da Avon e da Natura, no período de 2011 a 2022. Os resultados apontam para um aumento na presença de mulheres negras nas capas dessas publicações, especialmente após a introdução da Lei de Cotas Raciais e o lançamento de maquiagens e produtos de beleza voltados para o público negro.Entretanto, apesar do crescimento observado, como evidenciado nas falas das mulheres negras no documentário ?Afronta?, o mercado de trabalho e consumo ainda não valoriza plenamente a mulher negra. Por fim, são discutidos aspectos do mercado publicitário e suas estratégias de construção de sentido, evidenciando como as representações do corpo negro apresentam ambivalências, tensionando a representação e a banalização da figura da mulher negra.

Abstract: This dissertation investigates how black women are represented on the magazine covers of beauty products companies Avon and Natura. Taking as a reference the history of slavery and the structural racism that marks the presence of black women in Brazilian society, the work is based on authors from Economic Sociology, who approach the market as a process of social construction that can be contested. It also mentions the concept of male domination, according to Pierre Bourdieu, and the idea of re-signifying beauty as a counterpoint to domination. The representations of black women (black and brown) on the covers of Avon and Natura catalogs were analyzed and compared every two weeks between 2011 and 2022. The results point to an increase in the presence of black women on the covers of these publications, especially after the introduction of the Racial Quotas Law and the launch of make-up and beauty products aimed at the black public. However, despite the growth observed, as evidenced in the speeches of black women in the documentary ?Afronta?, the job and consumer market still does not fully value black women. Finally, aspects of the advertising market and its strategies for constructing meaning are discussed, highlighting how representations of the black body present ambivalences, tensioning the representation and trivialization of the figure of the black woman.