Representações sociais de enfermeiras obstetras brasileiras acerca da assistência ao parto no Brasil

Abstract

Introdução: Atualmente, o modelo de assistência obstétrica está passando por mudanças significativas que vão além dos aspectos tecnológicos e científicos. A importância do cuidado oferecido por enfermeiras obstetras baseia-se na adoção de boas práticas e em sua relação com o suporte técnico, o que favorece a participação e o empoderamento das mulheres, reduzindo intervenções desnecessárias. Objetivos: conhecer e analisar as representações sociais de enfermeiras obstetras brasileiras acerca da assistência ao parto no Brasil; identificar por meio de revisão de literatura como ocorre a atuação das enfermeiras obstetras nos diferentes cenários de atenção ao parto no Brasil e descrever os elementos constituintes das representações sociais de enfermeiras obstetras acerca da assistência ao parto no Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, tipo exploratório-descritivo, ancorado na Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. A primeira etapa da coleta de dados consistiu na elaboração de uma revisão integrativa de literatura. A segunda etapa ocorreu por meio de entrevista, entre os meses de fevereiro e setembro de 2023, realizada integralmente de forma virtual. Participaram do estudo 34 enfermeiras obstetras atuantes em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal que exercem função assistencial direta às parturientes. Os dados coletados nas entrevista foram tratados com o auxílio do software IRaMuTeQ® e analisados conforme a Análise de Conteúdo proposta por Bardin. Resultados: A revisão integrativa analisou a assistência ao parto normal de parturientes de risco habitual por enfermeiras obstetras no Brasil, evidenciando os avanços na humanização do parto, apesar dos desafios ainda presentes. Os estudos mostram que essas profissionais promovem a autonomia da parturiente, respeitam a fisiologia do parto e valorizam métodos não farmacológicos para alívio da dor, resultando em desfechos mais seguros e menos intervenções. Além disso, a atuação das enfermeiras obstetras contribui para a redução da morbimortalidade materna e neonatal, oferecendo um cuidado integral e baseado em evidências, sendo reconhecida a importância de seu papel na mudança de paradigmas do cenário obstétrico brasileiro, respeitando aspectos emocionais, sociais e familiares das mulheres. A aplicação do questionário de caracterização sociobiográfica das participantes identificou que a maioria das enfermeiras obstetras que atuam na assistência ao parto no Brasil era mulher, com idade entre 25 e 44 anos, e quase metade é solteira e sem filhos. O tempo médio de atuação na obstetrícia é de 6 anos, com 82,3% expressando satisfação na profissão. Demonstrou-se que as enfermeiras percebem o parto como um processo fisiológico, enfatizando a humanização e as relações interpessoais no cuidado à parturiente, em contraste com abordagens biomédicas e normatizadas. O conflito de identidade entre enfermeiras obstetras e doulas foi destacado, refletindo diferentes abordagens na assistência. Considerações finais: A pesquisa pode influenciar a formulação de leis e políticas públicas que priorizem a autonomia da mulher e a qualidade do atendimento durante o parto, bem como orientar capacitações, ações e estratégias que melhorem as condições de trabalho e o reconhecimento da classe.

Abstract: Introduction: Currently, the obstetric care model is undergoing significant changes that go beyond technological and scientific aspects. The importance of the care provided by obstetric nurses is based on the adoption of good practices and their relationship with technical support, which favors the participation and empowerment of women, reducing unnecessary interventions. Objectives: to understand and analyze the social representations of Brazilian obstetric nurses regarding childbirth care in Brazil; to identify, through a literature review, how obstetric nurses act in different childbirth care settings in Brazil; and to describe the constituent elements of the social representations of obstetric nurses regarding childbirth care in Brazil. Methods: This is a qualitative, exploratory-descriptive study, anchored in Serge Moscovici's Theory of Social Representations. The first stage of data collection consisted of preparing an integrative literature review. The second stage took place through interviews, between February and September 2023, conducted entirely online. Thirty-four obstetric nurses working in 13 Brazilian states and the Federal District who provide direct care to parturients participated in the study. The data collected in the interviews were processed with the help of the IRaMuTeQ® software and analyzed according to the Content Analysis proposed by Bardin. Results: The integrative review analyzed the care provided to normal births of low-risk parturients by obstetric nurses in Brazil, highlighting the advances in the humanization of childbirth, despite the challenges that still exist. Studies show that these professionals promote the autonomy of the parturient, respect the physiology of childbirth, and value non-pharmacological methods for pain relief, resulting in safer outcomes and fewer interventions. Furthermore, the work of obstetric nurses contributes to the reduction of maternal and neonatal morbidity and mortality, offering comprehensive and evidence-based care, recognizing the importance of their role in changing paradigms in the Brazilian obstetric scenario, respecting women's emotional, social and family aspects. The application of the sociobiographical characterization questionnaire to the participants identified that the majority of obstetric nurses working in childbirth care in Brazil were women, aged between 25 and 44 years, and almost half were single and without children. The average time working in obstetrics is 6 years, with 82,3% expressing satisfaction with the profession. It was demonstrated that nurses perceive childbirth as a physiological process, emphasizing humanization and interpersonal relationships in the care of the parturient, in contrast to biomedical and standardized approaches. The identity conflict between obstetric nurses and doulas was highlighted, reflecting different approaches to care. Final considerations: The research can influence the formulation of laws and public policies that prioritize women's autonomy and the quality of care during childbirth, as well as guide training, actions and strategies that improve working conditions and recognition of the class.