Ana Luísa de Azevedo Castro: entre o conhecido e o desvelado na literatura brasileira do século XIX

Abstract

O século XIX no Brasil foi uma época marcada por transformações sociais, políticas e culturais. Àquela altura, a literatura estava em alta no país e os romances estavam em ascensão. No entanto, as mulheres daquele período viviam em uma sociedade patriarcal sexista e moralista que as afastava das esferas da vida pública e da literatura ? que, por sua vez, era dominada por homens, tanto em relação à escrita e ao protagonismo quanto à crítica. Esse afastamento distanciava, de fato, as mulheres da literatura, invisibilizando a produção literária de autoria feminina. Como resposta a esse apagamento, a crítica literária feminista e o resgate literário surgem para legitimar a produção de mulheres naquele período. Nesse cenário, dentre tantas outras, Ana Luísa de Azevedo Castro, uma escritora e educadora catarinense, também foi invisibilizada pela sociedade da época. Mesmo tendo sido a primeira catarinense a publicar um romance no Brasil e uma das primeiras, junto com Maria Firmina dos Reis, a publicar no Brasil, ela não foi poupada do esquecimento. Por conta disso, este estudo visa reunir informações já conhecidas sobre autora e buscar novas. Para isso, utiliza como principal fonte de pesquisa a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, que reúne um vasto acervo histórico digitalizado e de acesso aberto. Como principais resultados deste estudo, destacam-se três textos inéditos encontrados: uma carta, um conto e uma fábula; ambos assinados pelo pseudônimo ?Indígena do Ipiranga?, já utilizado pela autora nas demais publicações, inclusive em D. Narcisa de Villar.

Abstract: The 19th century in Brazil was a time marked by social, political and cultural transformations. At that time, literature was booming in the country and novels were on the rise. However, the women of that period lived in a sexist and moralistic patriarchal society that kept them away from the spheres of public life and literature - which, in turn, was dominated by men, both in terms of writing and protagonism, as well as criticism. This distancing actually distanced women from literature, making women's literary production invisible. As a response to this erasure, feminist literary criticism and literary rescue emerged to legitimize the production of women in that period. In this scenario, among many others, Ana Luísa de Azevedo Castro, a writer and educator from Santa Catarina, was also made invisible by society at the time. Even though she was the first woman from Santa Catarina to publish a novel in Brazil and one of the first, along with Maria Firmina dos Reis, to publish in Brazil, she was not spared from oblivion. For this reason, this study aims to gather information already known about the author and seek out new information. To do this, it uses the National Library's Digital Hemeroteca as its main source of research, which brings together a vast collection of digitized and open-access historical material. The main results of this study are three unpublished texts found: a letter, a short story and a fable; both signed by the pseudonym ?Indígena do Ipiranga?, already used by the author in other publications, including D. Narcisa de Villar.