Ameaças à responsabilidade moral: determinismo, acaso e ignorância

Abstract

A presente tese investiga a intrincada relação entre determinismo e livre-arbítrio, livre arbítrio e autonomia, bem como ignorância e responsabilidade moral, abordando suas implicações filosóficas e morais. No primeiro capítulo, explora-se o problema do determinismo e como ele desafia nosso senso de livre-arbítrio. Defende-se uma posição libertista indeterminista e probabilística de eventos onde é sugerido que eventos contingentes permitem a liberdade humana sem a inevitabilidade do Determinismo Nomológico. No segundo capítulo, a discussão foca na filosofia da ação, examinando como um agente livre é possível, mesmo em um mundo com leis determinantes na natureza. Utilizando uma personagem fictícia, Fredie, ilustra-se a possibilidade de ações livres através de um espectro quantitativo do esforço da vontade. A tese aborda também o problema da sorte e do acaso, propondo uma concepção de responsabilidade moral onde a reabilitação de caráter é possível graças ao esforço e à boa vontade. Esta abordagem combina elementos teóricos de filósofos como Randolph Clarke, Robert Kane e Kadri Vihvelin. O terceiro capítulo aborda a epistemologia da responsabilidade moral, focando no problema da ignorância culpável. Discute-se como o conhecimento ou a falta dele influencia a responsabilização moral, apresentando as ignorâncias factual e moral como ameaças à responsabilidade. Argumenta-se que a boa vontade e o registro moral são cruciais para avaliar a culpabilidade. Por fim, desenvolve-se uma concepção de controle probabilístico indeterminista de crenças, demonstrando como a decisão de evento livre e as probabilidades indeterministas auxiliam na compreensão da culpabilidade por ignorância e falhas de consciência. Em síntese, a tese oferece uma análise abrangente do determinismo, livre-arbítrio, liberdade de ação e suas relações com responsabilidade moral, propondo soluções inovadoras para os dilemas filosóficos envolvidos.

Abstract: The present thesis investigates the intricate relation between determinism and free will, free will and autonomy, as well as ignorance and moral responsibility, addressing their philosophical and moral implications. The first chapter explores the determinism problem and how it challenges our sense of free will. It defends a libertarian position based on indeterminism and probabilistic events, suggesting that contingent events allow human freedom without the inevitability of Nomological Determinism. The second chapter focuses on the philosophy of action, examining how a free agent is possible, even in a world with determinant laws in nature. Using a fictional character, Fredie, the possibility of free actions is illustrated through a quantitative spectrum of the effort of will. The thesis also addresses the problem of luck and chance, proposing a conception of moral responsibility where the rehabilitation of character is possible due to effort and good will. This approach combines theoretical elements from philosophers such as Randolph Clarke, Robert Kane and Kadri Vihvelin. The third chapter addresses the epistemology of moral responsibility, focusing on the problem of culpable ignorance. It discusses how knowledge or lack thereof influences moral accountability, presenting factual and moral ignorance as threats to responsibility. It argues that good will and moral record are crucial to assessing culpability. Finally, it develops a conception of indeterministic probabilistic control of beliefs, demonstrating how event-free decision-making and indeterministic probabilities help understanding culpability due to ignorance and failures of conscience. In summary, the thesis offers a comprehensive analysis of determinism, free will, freedom of action and it?s relations to moral responsibility, proposing innovative solutions to the philosophical dilemmas involved.