Cães em praias públicas: uma análise sobre regulamentação e impactos na perspectiva de Uma Só Saúde

Abstract

A presença de cães em locais públicos como praias e parques é uma tendência observada em vários países do mundo. Nos últimos anos, reivindicações têm ganhado força no sentido da permissão de circulação de cães em praias em diferentes partes do Brasil. A relação entre as pessoas e seus animais de estimação gera benefícios diversos, servindo como apoio emocional e como forma de promoção de relações sociais e aumento dos níveis de atividade física. Por outro lado, os cães também são associados ao risco de transmissão zoonótica, ataques e danos ambientais especialmente em ambientes mais populosos como áreas litorâneas. Diante da necessidade de aprofundar o debate acerca do tema, a partir do prisma de Uma Só Saúde, o presente estudo tem como objetivo geral trazer subsídios para a discussão da pertinência da regulamentação de cães em praias. Para isso, foi realizada verificação in loco no sentido da identificação da presença de cães em praias e da infraestrutura disponibilizada em Florianópolis, SC, Brasil. Por meio de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório foram estudadas as ocorrências de parasitas zoonóticos presentes em fezes de cães em praias e locais públicos. Também foram analisadas normas que visam regulamentar praias pet friendly, realizando-se ainda a análise temática de manifestações de frequentadores em diferentes partes do mundo. Com isto, buscou-se compreender as expectativas, práticas e opiniões de seus usuários. A presença de fezes de cães na praia e as amostras de areia apontam riscos de transmissão zoonótica por endoparasitas. Observou-se variações decorrentes das realidades locais dentre regulamentações e infraestrutura, sendo, entretanto, possível identificar boas práticas, bem como também fragilidades quanto à prevenção de riscos de transmissão de zoonoses e de danos ao meio ambiente. Percebeu-se que o cumprimento de regras de restrição de cães, como uso de coleira e a coleta das fezes do ambiente, são desafios em diferentes locais do mundo. Fatores relacionados ao bem-estar predominam nas manifestações e os tutores valorizam a existência de tais espaços para compartilharem com seus animais de estimação. A preocupação com os possíveis danos aos ecossistemas, ao meio ambiente e com os riscos de doenças são minimamente mencionados pelos frequentadores. O bem-estar humano está intimamente ligado à saúde dos animais domésticos e selvagens e ao ambiente no contexto de Uma Só Saúde. Diante disto, o presente estudo apresenta direcionamentos para a discussão da regulamentação visando mitigar riscos relativos à presença de cães nas praias e promoção de Uma Só Saúde.

Abstract: The presence of dogs in public places such as beaches and parks is a trend observed in several countries around the world. In recent years, demands have gained strength to allow dogs to circulate on beaches in different parts of Brazil. The relationship between people and their pets generates diverse benefits, serving as emotional support and as a way of promoting social relationships and increasing levels of physical activity. On the other hand, dogs are also associated with the risk of zoonotic transmission, attacks and environmental damage especially in more populated environments such as coastal areas. Given the need to deepen the debate on the topic, from the perspective of One Health, the general objective of this study is to provide support for the discussion of the relevance of regulating dogs on beaches. To this end, on-site verification was carried out to identify the presence of dogs on beaches and the infrastructure available in Florianópolis, SC, Brazil. Through an exploratory bibliographical research, the occurrences of zoonotic parasites present in dog feces on beaches and public places were studied. Norms aimed at regulating pet-friendly beaches were also analyzed, with a thematic analysis of expressions from visitors in different parts of the world. With this, we sought to understand the expectations, practices and opinions of its users. The presence of dog feces on the beach and sand samples indicate risks of zoonotic transmission by endoparasites. Variations arising from local realities between regulations and infrastructure were observed, however it was possible to identify good practices, as well as weaknesses regarding the prevention of risks of transmission of zoonoses and damage to the environment. It was noticed that complying with dog restriction rules, such as using a collar and collecting feces from the environment, are challenges in different parts of the world. Factors related to well-being predominate in the demonstrations and owners value the existence of such spaces to share with their pets. Concern about possible damage to ecosystems, the environment and the risk of disease are minimally mentioned by attendees. Human well-being is closely linked to the health of domestic and wild animals and the environment in the context of One Health. In view of this, the present study presents directions for discussing regulations aimed at mitigating risks related to the presence of dogs on beaches and promoting of One Health.