O papel moderador da cultura do setor na relação entre os fatores contingenciais e o sistema de controle gerencial: evidências nas indústrias catarinenses

Abstract

Esta dissertação visa analisar como a cultura do setor modera a relação entre variáveis contingenciais e o desenho dos Sistemas de Controle Gerencial nas indústrias de Santa Catarina. Os dados foram coletados por meio de uma survey realizada com sócios, diretores, coordenadores e analistas de 109 indústrias de diversos setores, identificadas pelo site Econodata. O método utilizado para testar as hipóteses foi a modelagem de equações estruturais. Os achados revelam que empresas com estratégia prospectora utilizam mais controles de resultado (H1a) e controles de ação para gerenciar incertezas e institucionalizar práticas inovadoras (H1b). A hipótese H1c, entretanto, não apresentou uma relação significativa, sugerindo que a alta rotatividade e a dinâmica dessas empresas dificultam a coesão cultural. A importância do controle de pessoal em ambientes incertos (H1d) foi confirmada. Grandes empresas tendem a usar controles de resultado mais sofisticados (H2a), mas não se encontrou evidência significativa entre tamanho e controles de ação (H2b) e de pessoal (H2d). Empresas maiores enfrentam desafios para manter uma cultura uniforme (H2c). O controle de resultado é eficaz em ambientes incertos (H3a), enquanto o controle cultural mantém o comprometimento (H3c) e o controle de pessoal capacita funcionários a lidar com incertezas (H3d). A competição está associada a um aumento no uso dos controles de resultado, ação e cultural (H4a, H4b, H4c), mas não influencia significativamente o controle de pessoal (H4d). Os efeitos moderadores da regulamentação, inovação de processos e ameaça de novos entrantes mostraram influências variadas. A regulamentação fortalece a relação entre incerteza e controle de resultado (H5b) e intensifica o impacto do tamanho no controle cultural (H5c). A inovação de processos mostrou-se positiva na relação entre incerteza e controle de resultado (H6b), mas enfraqueceu a relação entre estratégia e controle cultural (H6d). A ameaça de novos entrantes favoreceu investimentos em controles culturais e de pessoal (H7a) e estabilizou o uso de controles de resultado em ambientes competitivos (H7b). Os resultados do estudo sugerem que a cultura do setor altera a relação entre os fatores contingenciais e o desenho dos Sistemas de Controle Gerencial nas indústrias analisadas, destacando a importância de considerar a cultura setorial ao implementar sistemas de controle gerencial.

Abstract: This dissertation aims to analyze how the sector's culture moderates the relationship between contingency variables and the design of Management Control Systems in industries in Santa Catarina. The data was found through a survey carried out with partners, directors, coordinators and analysts from 109 sectors from different sectors, identified by the Econodata website. The method used to test the hypotheses was structural equation modeling. The findings revealed that companies with a prospector strategy use more outcome controls (H1a) and action controls to manage uncertainties and institutionalize innovative practices (H1b). Hypothesis H1c, however, did not present a significant relationship, indicating that the high turnover and dynamics of these companies make cultural cohesion difficult. The importance of personnel control in uncertain environments (H1d) was confirmed. Large companies tend to use more sophisticated result controls (H2a), but did not find significant evidence between action controls (H2b) and personnel controls (H2d). Larger companies face challenges in maintaining a uniform culture (H2c). Outcome control is effective in uncertain environments (H3a), while cultural control maintains commitment (H3c) and personnel control empowers employees to deal with uncertainty (H3d). Competition is associated with an increase in the use of outcome, action and cultural controls (H4a, H4b, H4c), but does not significantly influence personnel control (H4d). The moderating effects of regulation, process innovation, and threat of new entrants showed varying influences. Regulation strengthens the relationship between uncertainty and outcome control (H5b) and intensifies the impact of size on cultural control (H5c). Process innovation was positive in the relationship between uncertainty and outcome control (H6b), but weakened the relationship between strategy and cultural control (H6d). The threat of new entrants favored investments in cultural and personnel controls (H7a) and stabilized the use of results controls in competitive environments (H7b). The results of the study suggest that sector culture alters the relationship between contingency factors and the design of Management Control Systems in problematic industries, highlighting the importance of considering sector culture when implementing management control systems.