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Introdução: A COVID-Longa abrange um conjunto de sintomas que permanecem ativos após a fase
aguda da infecção. Entre as manifestações, destacamos a diminuição da capacidade física, falta de
energia a mínimos esforços e prejuízos na atenção, concentração e memória. Grande parte da
literatura se dedica à fisiopatologia do acometimento agudo, porém, o número de sobreviventes é
vasto e muitos ainda possuem sintomas que perduram por um tempo além do esperado. As pesquisas
sobre esta condição estão em andamento e neste período é possível direcionar pacientes e gerenciar
tratamentos pós agudos com foco em controle sintomático. Neste sentido, hipotetizamos que a
cafeína possa amenizar as queixas de COVID-Longa, de acordo com a literatura que destaca seus
efeitos ergogênicos. Objetivo: avaliar os efeitos da cafeína nos principais sintomas físicos e
cognitivos da COVID-Longa. Materiais e métodos: este é um ensaio clínico randomizado, duplo
cego, controlado por placebo. Os participantes foram alocados nos grupos intervenção e controle
em 3 dias de avaliações. O Myalgic Encephalomyelitis: International Consensus Criteria foi
utilizado para identificar a Covid- Longa, a Chalder Fatigue Scale foi empregada para avaliação da
fadiga física e mental e o Brief Illness Perception Questionnaire, para investigar a percepção da
doença de cada participante. O Incremental Shuttle Walk Test (ISWT) foi o instrumento de avaliação
do desempenho físico, seguido da coleta de sangue para verificação do lactato sanguíneo. A Escala
de Esforço Subjetivo de Borg foi aplicada para verificar a percepção de esforço. Sobre as
ferramentas cognitivas, utilizamos o Montreal Cognitive Assessment (MoCA). As análises foram
realizadas no programa SPSS, versão 22.0, e os gráficos foram gerados no GraphPad Prism. versão
8.0.2. O nível de significância de 5% foi considerado. Resultados: um total de 28 participantes
completaram o estudo. Eles foram randomicamente alocados em 13 participantes no grupo cafeína
com média de idade de 44,6 ± 7,7 anos e 15 participantes no grupo controle com média de idade de
43,5 ± 5,3 anos. A cafeína aumentou a capacidade ao exercício (p=<0,05; d= 2,5; power 99%) e se
aproximou da distância prevista na caminhada progressiva (ISWT) (p= <0,05; d= 2,6; power= 99%)
com aumento de lactato pós exercício (p<0,05; d=0,71; power 42%). A cafeína diminuiu a
percepção de esforço (p=0,05; d=0,7; power: 50%) mas não diferiu para funcionalidade (p=0,151).
O grupo cafeina apresentou maior rendimento para desempenho cognitivo (p<0,05; d=0,7; power
42%). Conclusão: a cafeína atenua as principais queixas da COVID-Longa, com grandes efeitos
no desempenho físico, diminuição do esforço percebido, aprimoramento das funções cognitivas.
Este estudo sugere que a cafeína pode ser utilizada como abordagem para neutralizar as sequelas da
COVID-Longa e auxiliar os indivíduos a retornarem aos exercícios físicos e tarefas diárias. |
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