Abstract:
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A saúde reprodutiva feminina é alvo de debates em todo o globo, contudo, a sua conquista por direitos não acompanha o mesmo alcance. No Brasil, o índice de óbitos fetais mantém-se estável na última década, urgindo uma mudança de cenário por meio de políticas públicas voltadas para o bem-estar da mãe e do feto. Com base nisso, este projeto, normativamente intitulado ‘Métodos estatísticos aplicados às Relações Internacionais: aplicações de modelos lineares generalizados’, tem por objetivo geral desenvolver um estudo a respeito dos óbitos fetais no Brasil em 2010, 2016 e 2021, analisando o perfil socioeconômico das genetrizes e buscando relações que expliquem variações no total de óbitos. Desse modo, foram seguidas as seguintes etapas: revisão e sistematização de literatura, coleta e análise de dados por meio do software R e discussão dos resultados. Os dados utilizados foram extraídos da plataforma DataSus e as variáveis selecionadas foram baseadas em uma revisão literária, sendo elas: idade da mãe, nível de escolaridade, ano e tipo de parto (vaginal, cesáreo e ignorado). A partir da coleta de dados, testaram-se os modelos para observar possíveis relações entre as variáveis independentes e a variável resposta. Utilizou-se o modelo linear clássico pela distribuição Normal, pela distribuição Poisson e pela distribuição Binomial Negativa. O uso da linguagem de programação R e do emprego de modelos lineares generalizados justifica-se pelo ajuste aos dados pelo método de máxima verossimilhança, sendo uma ampliação dos modelos lineares ordinários. A partir da análise dos resíduos por meio dos envelopes simulados com o software R, observou-se que os modelos com distribuição Normal e com distribuição Poisson não eram adequados. Portanto, o modelo mais adequado testado foi a distribuição Binomial Negativa, essencialmente devido à superdispersão dos dados utilizados. A respeito dos resultados, a quantidade total observada de óbitos fetais, somando-se os três anos analisados, foi de 69.609. Observou-se maior ocorrência de óbitos fetais em gestantes mais jovens, com maior nível de escolaridade e que optaram por partos vaginais. Com uso do critério de informação de Akaike (AIC) em conjunto com o algoritmo stepwise considerou-se a variável ‘ano’ como não-significativa, representando a estabilidade do número de óbitos fetais nos anos de análise. Diversas inferências podem ser feitas a partir do observado, contudo, justificativas concretas podem ser avaliadas apenas em estudos futuros em conjunto com especialistas na área da saúde materna e fetal. O projeto aqui proposto busca compor parte do escopo para estudo da situação da saúde pública no Brasil, sendo o enfoque em óbitos fetais uma compreensão da realidade de parte vulnerável da população. A associação entre os estudos estatísticos e as análises socioeconômicas são essenciais para manutenção da ordem política, uma vez que saúde pública é uma questão coletiva que afeta todos. |