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Este projeto de Iniciação Científica teve como objetivo identificar e analisar os dados relativos aos segmentos masculinistas / extremistas, também conhecido como machosfera (do inglês manosphere) ou redpill, dentro dos públicos monitorados pelo projeto Democracia digital: análise dos ecossistemas de desinformação no aplicativo Telegram, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Letícia Cesarino. A pesquisa, realizada em parceria com o Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), adota uma abordagem de métodos mistos, articulando estrutura computacional de dados com análises antropológicas. Durante o período do projeto, foram realizados treinamentos na plataforma ElasticSearch/Kibana para a construção de léxicos e queries (conjuntos de palavras-chave) específicos para o segmento masculinista, bem como para a criação de um dashboard (painel de visualização) com gráficos e tabelas, facilitando o acesso e a compreensão dos dados para posterior análise antropológica, conforme o recorte da pesquisa. A análise dos dados revela a predominância de discursos sexistas e misóginos nos grupos masculinistas analisados, que promovem tanto a idealização de uma mulher submissa quanto a construção de uma imagem invertida, onde as mulheres são vistas com desconfiança e como dominadoras, das quais os homens devem se proteger. Além disso, os estudos mostraram que pessoas LGBTQIA+, com destaque para pessoas trans, são alvos frequentes desses discursos de ódio. A análise dos padrões de conteúdo e interatividade nesses grupos também mostrou que esses ambientes podem ser vistos como espaços de acolhimento e fortalecimento de laços entre os participantes, evidenciando uma dinâmica de apoio mútuo. Como contribuição adicional, a participação como bolsista na Iniciação Científica proporcionou um aprendizado significativo em novos métodos de Humanidades Digitais, com foco no uso de ferramentas tecnológicas aplicadas à pesquisa. Durante o projeto, foi possível colaborar na escrita do artigo científico Representações meméticas de 'nós e eles': humor e discurso de ódio em chats do Telegram, em coautoria com pesquisadores do LABHDUFBA. Além de participar da escrita, com foco nos grupos masculinistas, houve contribuição na construção das queries e na criação do dashboard específico para a análise socioantropológica. Para concluir, considerando a relevância do tema da misoginia e dos discursos de ódio online, estudos futuros sobre grupos masculinistas extremistas poderiam contribuir para aprofundar a compreensão dessas dinâmicas e subsidiar estratégias que visem combater a violência online e suas repercussões no mundo offline. |
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