Abstract:
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A adenosina é um neuromodulador endógeno derivado do ATP que age através de receptores metabotrópicos. No encéfalo, os receptores inibitórios do subtipo A1 e os receptores estimulantes do subtipo A2A são amplamente expressos, especialmente em áreas que controlam comportamentos de locomoção, motivação e recompensa, respostas emocionais e função cognitiva. Este estudo investigou se diferenças nas respostas locomotoras induzidas pela administração aguda de cafeína, antagonista sistêmico de receptores A2A, podem prever a vulnerabilidade ou resiliência a um estresse crônico subsequente. A locomoção basal foi avaliada pela distância total percorrida em camundongos machos Swiss (2 meses de idade) no teste do campo aberto. Após 24 horas, os animais receberam cafeína (7,5 mg/kg, i.p.) e, após 30 minutos, foram novamente expostos ao campo aberto. O índice de locomoção, calculado pela distância percorrida com cafeína / distância basal, foi avaliado. Animais com hiperlocomoção induzida pela cafeína foram considerados responsivos (n=17) e os que não apresentaram hiperlocomoção foram considerados não responsivos (n=13). Ambos os grupos foram subdivididos entre controle e estresse. O estresse foi realizado por 21 dias consecutivos. Vinte e quatro horas após o fim do estresse, o comportamento emocional foi avaliado pelos testes do nado forçado, campo aberto, interação social e Teste de borrifagem de sacarose. A cafeína induziu diferentes respostas locomotoras sem gerar comportamentos tipo-ansiosos no campo aberto. Animais não responsivos apresentaram redução do peso corporal na segunda semana do estresse, comparado aos responsivos. O estresse causou hiperlocomoção em ambos os grupos, sem alterar a razão entre a distância no centro e a distância total no campo aberto. Animais responsivos ao estresse apresentaram maior latência para o grooming no teste de borrifagem de sacarose, sugerindo redução no comportamento motivacional. Não houve alterações do comportamento tipo-depressivo no teste do nado forçado entre animais responsivos e não responsivos após o estresse. Animais responsivos não submetidos ao estresse mostraram redução na sociabilidade basal, com menor índice de interação social comparado ao grupo controle não responsivo. O estresse não alterou a sociabilidade. Menor tempo nos cantos do aparato, quando colocados junto ao alvo social, sugeriu que os animais despenderam mais tempo interagindo com o alvo. Concluímos que alterações basais foram observadas conforme a resposta à cafeína na sociabilidade, com os responsivos apresentando redução de sociabilidade. Além disso, responsivos apresentaram maior prejuízo no comportamento motivacional sob estresse, sugerindo predição de vulnerabilidade ao estresse. Estudos futuros investigaram o papel dos receptores A2A no controle das respostas motivacionais afetadas pelo estresse crônico. |