A relação da Frente Parlamentar da Agropecuária e a política externa do governo de Jair Bolsonaro

Abstract

O presente trabalho visa analisar como a Frente Parlamentar da Agropecuária atua nos temas de política externa durante o governo de Jair Bolsonaro, buscando verificar o interesse dos parlamentares na política externa e sua capacidade influência. A partir do modelo de Jogos de Dois Níveis de Robert Putnam, o estudo foi conduzido com os objetivos de compreender a relação do legislativo com a produção de política externa, identificar a representação de preferências do agronegócio dentro do legislativo e, por fim, analisar como esses interesses são perseguidos e como interferem nas relações exteriores do Brasil durante a gestão de Bolsonaro. Nesse sentido, tem-se como hipótese que a Frente Parlamentar da Agropecuária atua na política externa de Bolsonaro em temas de interesse, tanto passivamente, delegando e fiscalizando atividades do executivo, quanto ativamente, interferindo na condução da política externa quando há desacordo na condução da PE. Os resultados apontam para uma participação da FPA na política externa de modo a conduzir seu debate, delegando ao executivo projetos de seu interesse e exercendo pressão frente as políticas conflituosas da ala ideológica do governo. Logo, a Frente Parlamentar da Agropecuária modera a política exterior de Bolsonaro ao perseguir as preferências comerciais do agronegócio. Dito isso, ressalta-se a importância de estudos qualitativos mais aplicados e profundos nos casos abordados e na relação da FPA e do agronegócio na formulação de política externa.

The present work aims to analyze how the Parliamentary Front for Agriculture (FPA) operates in foreign policy matters during Jair Bolsonaro's government, seeking to verify the interest of parliamentarians in foreign policy and their capacity to influence it. Based on Robert Putnam's Two-Level Games model, the study was conducted with the objectives of understanding the relationship between the legislature and the production of foreign policy, identifying the representation of agribusiness preferences within the legislature, and, finally, analyzing how these interests are pursued and how they interfere in Brazil's foreign relations during Bolsonaro's administration. In this sense, the hypothesis is that the Parliamentary Front for Agriculture acts in Bolsonaro's foreign policy on issues of interest, both passively, by delegating and overseeing executive activities, and actively, by interfering in the conduct of foreign policy when there is disagreement in the direction of foreign policy. The results point to FPA's participation in foreign policy in a way that drives its debate, delegating projects of its interest to the executive and exerting pressure on conflicting policies from the ideological wing of the government. Therefore, the Parliamentary Front for Agriculture moderates Bolsonaro's foreign policy by pursuing the commercial preferences of agribusiness. That said, it emphasizes the importance of more applied and in-depth qualitative studies on the cases addressed and the relationship between the FPA and agribusiness in the formulation of foreign policy.