Entre tipografias, homens e petas: um estudo sobre a Sociedade Petalógica do Rocio Grande e os modos de mentir no século XIX (1830-1860)

Abstract

Esta tese de doutorado resulta de uma pesquisa sobre a Sociedade Petalógica do Rocio Grande e seus membros iniciados, uma agremiação que existiu no Rio de Janeiro entre 1850 e 1860. Fundada pelo editor e tipógrafo Francisco de Paula Brito, a sociedade contava com a participação de figuras proeminentes como Machado de Assis, Eusébio de Queirós, Teixeira e Sousa, Justiniano José da Rocha, entre outros. Nas Atas da agremiação, os membros registravam que um dos principais objetivos era criar e disseminar mentiras para os \"verdadeiros mentirosos\" da Corte, apenas para posteriormente desmenti-las em público e os ridicularizar, bem como aqueles que nelas acreditavam, minando sua credibilidade na sociedade. A partir desta pesquisa, foi possível analisar as estratégias e os métodos de mentira que circulavam na imprensa do Rio de Janeiro durante esse período, especialmente nos jornais impressos pela Tipografia de Francisco de Paula Brito, que servia de sede para as reuniões da Sociedade Petalógica. Ao investigar as mentiras inventadas pelos membros da agremiação, bem como aquelas publicadas na imprensa do Rio de Janeiro nas décadas anteriores (1830-1850), foi possível compreender como a dicotomia entre verdade e mentira permeava os jogos políticos e literários da época. Além disso, ao examinar a trajetória dos membros da Sociedade Petalógica e do ?ajuntamento de pessoas mais ou menos instruídas? que existiu duas décadas antes dela, quando ainda não formava uma agremiação, foi possível entender como os diferentes modos de mentir também contribuem para a compreensão da história do Brasil no século XIX. De outro modo, essa análise permitiu traçar paralelos com o presente da história nacional.

Abstract: This doctoral thesis results from a research on the Petalógica Society of Rocio Grande and its initiated members, an association that existed in Rio de Janeiro between 1850 and 1860. Founded by the editor and typographer Francisco de Paula Brito, the society counted on the participation of prominent figures such as Machado de Assis, Eusébio de Queirós, Teixeira e Sousa, Justiniano José da Rocha, among others. In the minutes of the association, members recorded that one of the main objectives was to create and disseminate lies to the \"true liars\" of the Court, only to later publicly deny them and ridicule those who believed in them, undermining their credibility in society. From this research, it was possible to analyze the strategies and methods of lying that circulated in the press of Rio de Janeiro during this period, especially in the newspapers printed by the Typography of Francisco de Paula Brito, which served as the headquarters for the meetings of the Petalógica Society. By investigating the lies invented by the members of the association, as well as those published in the press of Rio de Janeiro in the previous decades (1830-1850), it was possible to understand how the dichotomy between truth and lie permeated the political and literary games of the time. Furthermore, by examining the trajectory of the members of the Petalógica Society and the \"assembly of more or less educated people\" that existed two decades before it, when it was not yet formed as an association, it was possible to understand how different ways of lying also contribute to the understanding of the history of Brazil in the 19th century. In another way, this analysis allowed for parallels to be drawn with the present of national history.