A sustentabilidade da Economia Azul: perspectivas a partir do espaço marinho costeiro

Abstract

O desenvolvimento recente da Economia Azul (EA) tem gerado grande atenção tanto ao nível acadêmico como institucional. Nesse contexto, muitos países e corporações tem reconhecido a EA como importante estratégia de desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, esse panorama de crescimento econômico sobre o oceano tem gerado inúmeros questionamentos, principalmente relacionados as suas consequências ecológicas e sociais. Ainda que a EA tenha sido alicerçada na promoção de bem-estar humano e integridade ecológica, seu desenvolvimento tem demonstrado a necessidade de compreender de forma mais abrangente tais transformações, envolvendo as diferentes interações entre as atividades e destas com os ecossistemas. Outro fator limitante no desenvolvimento da EA tem sido sua influência e articulação com a esfera local, de forma que esse desenvolvimento não prejudique ou desconsidere usos locais, geralmente associados as comunidades costeiras. Nesse contexto, a presente pesquisa visa ampliar a perspectiva da sustentabilidade da EA através da abordagem sistêmica, a qual é reconhecida como estratégia valiosa para tratar problemas complexos e transversais. A tese tem foco no Espaço Marinho Costeiro (EMC), reconhecido como espaço marinho vinculado à esfera local, em oposição ao mar aberto (offshore). A pesquisa teve como objetivo geral de ?Compreender através da abordagem sistêmica como promover a sustentabilidade da Economia Azul no espaço marinho costeiro. Inicialmente foi realizada uma análise bibliométrica, a fim de verificar quais os atributos do espaço marinho costeiro importantes para a sustentabilidade Economia Azul, tendo como base a produção da literatura científica. Os resultados demonstram que as comunidades costeiras e o valor biológico dos ecossistemas como principais atributos valorizados do EMC. Assim o EMC se apresenta como um espaço de humano intenso e diversificado, bem como de relevante valor ecológico, sendo uma esfera importante para promoção do bem-estar humano e valorização das dimensões socioculturais da EA. Em seguida foi empregado uma pesquisa qualitativa no Espaço Marinho da Ilha de Santa Catarina (EMISC). O objetivo foi caracterizar de forma participativa o EMISC enquanto um sistema social-ecológico, enfatizando as interações de seus componentes sociais e ecológicos. Nesse estudo, foi apresentado as perspectivas dos atores de 5 atividades: pesca artesanal; maricultura; mergulho; turismo náutico e atividade náutica recreativa. Assim, pode-se constatar a perspectivas das atividades frente sua situação geral, interações com outros usos e principais pressões. Além disso, foi realizado o mapeamento participativo, visando especializar as áreas importantes para cada uso. Nessa perspectiva a sustentabilidade da EA aparece vinculada a capacidade de conservar as qualidades emergentes resultantes das interações sociais e ecológicas, e de reduzir e controlar as pressões que perturbam o comportamento do sistema. Por fim, investigou-se a estrutura sistêmica e as oportunidades de melhoria das ações de governança do EMISC. Visando a compreensão de como melhorar a qualidade de interação das atividades humanas e destas com os ecossistemas, a presente pesquisa indicou a necessidade de melhor comunicação e capacitação dos atores locais, a conectividade das atividades humanas e pressões identificadas. Assim, a promoção da sustentabilidade de EA está vinculada à capacidade de diálogo entre atores socias e inovação da governança que permita refletir, debater e agir frente aos objetivos socialmente estabelecidos.O desenvolvimento recente da Economia Azul (EA) tem gerado grande atenção tanto ao nível acadêmico como institucional. Nesse contexto, muitos países e corporações tem reconhecido a EA como importante estratégia de desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, esse panorama de crescimento econômico sobre o oceano tem gerado inúmeros questionamentos, principalmente relacionados as suas consequências ecológicas e sociais. Ainda que a EA tenha sido alicerçada na promoção de bem-estar humano e integridade ecológica, seu desenvolvimento tem demonstrado a necessidade de compreender de forma mais abrangente tais transformações, envolvendo as diferentes interações entre as atividades e destas com os ecossistemas. Outro fator limitante no desenvolvimento da EA tem sido sua influência e articulação com a esfera local, de forma que esse desenvolvimento não prejudique ou desconsidere usos locais, geralmente associados as comunidades costeiras. Nesse contexto, a presente pesquisa visa ampliar a perspectiva da sustentabilidade da EA através da abordagem sistêmica, a qual é reconhecida como estratégia valiosa para tratar problemas complexos e transversais. A tese tem foco no Espaço Marinho Costeiro (EMC), reconhecido como espaço marinho vinculado à esfera local, em oposição ao mar aberto (offshore). A pesquisa teve como objetivo geral de ?Compreender através da abordagem sistêmica como promover a sustentabilidade da Economia Azul no espaço marinho costeiro. Inicialmente foi realizada uma análise bibliométrica, a fim de verificar quais os atributos do espaço marinho costeiro importantes para a sustentabilidade Economia Azul, tendo como base a produção da literatura científica. Os resultados demonstram que as comunidades costeiras e o valor biológico dos ecossistemas como principais atributos valorizados do EMC. Assim o EMC se apresenta como um espaço de humano intenso e diversificado, bem como de relevante valor ecológico, sendo uma esfera importante para promoção do bem-estar humano e valorização das dimensões socioculturais da EA. Em seguida foi empregado uma pesquisa qualitativa no Espaço Marinho da Ilha de Santa Catarina (EMISC). O objetivo foi caracterizar de forma participativa o EMISC enquanto um sistema social-ecológico, enfatizando as interações de seus componentes sociais e ecológicos. Nesse estudo, foi apresentado as perspectivas dos atores de 5 atividades: pesca artesanal; maricultura; mergulho; turismo náutico e atividade náutica recreativa. Assim, pode-se constatar a perspectivas das atividades frente sua situação geral, interações com outros usos e principais pressões. Além disso, foi realizado o mapeamento participativo, visando especializar as áreas importantes para cada uso. Nessa perspectiva a sustentabilidade da EA aparece vinculada a capacidade de conservar as qualidades emergentes resultantes das interações sociais e ecológicas, e de reduzir e controlar as pressões que perturbam o comportamento do sistema. Por fim, investigou-se a estrutura sistêmica e as oportunidades de melhoria das ações de governança do EMISC. Visando a compreensão de como melhorar a qualidade de interação das atividades humanas e destas com os ecossistemas, a presente pesquisa indicou a necessidade de melhor comunicação e capacitação dos atores locais, a conectividade das atividades humanas e pressões identificadas. Assim, a promoção da sustentabilidade de EA está vinculada à capacidade de diálogo entre atores socias e inovação da governança que permita refletir, debater e agir frente aos objetivos socialmente estabelecidos.

Abstract: The recent development of the Blue Economy (BE) has generated a great deal of attention at both the academic and institutional levels. In this context, many countries and corporations have recognized BE as an important economic development strategy. At the same time, this scenario of economic growth over the ocean has generated numerous questions, mainly related to its ecological and social consequences. Although BE is based on promoting human well-being and ecological integrity, its development has demonstrated the need for a more comprehensive understanding of these transformations, involving the different interactions between human activities and between activities and ecosystems. Another limiting factor in the development of BE has been its influence and articulation with the local sphere, so that this development does not harm or disregard local uses, usually associated with coastal communities. In this context, this research aims to broaden the perspective of sustainability in environmental education through the systems approach, which is recognized as a valuable strategy for dealing with complex and cross-cutting problems. The thesis focuses on the Nearshore marine space (NMS), recognized as a marine space linked to the local sphere, as opposed to offshore space. The research was structured in three chapters and the general objective was \"to understand how to promote the sustainability of the BE in the NMS through a systemic approach\". Initially, a bibliometric analysis was carried out in order to verify which attributes of the NMS are important for the sustainability of the Blue Economy, based on the production of scientific literature. The results showed that the NMS is an intensely human, diverse and historic space, as well as having significant ecological value, and is an important sphere for promoting human well-being and valuing the socio-cultural dimensions of BE. Qualitative research was then carried out at the Santa Catarina Island Marine Space (EMISC). The aim was to characterize the EMISC as a social-ecological system in a participatory way, emphasizing the interactions between its social and ecological components. In this study, the perspectives of the actors of 5 activities were presented: artisanal fishing; mariculture; diving; nautical tourism and recreational nautical activity. Thus, the activities perspectives can be noted in terms of to their general situation, interactions with other uses and main pressures. From this perspective, the BE sustainability appears to be linked to the ability to conserve the emerging qualities resulting from social and ecological interactions, and to reduce and control the pressures that disturb the system's behavior. Finally, the systemic structure and opportunities for improving EMISC's governance actions were investigated. With a view to understanding how to improve the quality of interaction between human activities and ecosystems, this research indicated the need for better communication and training of local actors, the connectivity of human activities and identified pressures. Thus, the promotion of sustainability in BE is linked to the capacity for dialog between social actors and innovation in governance that allows reflection, debate and action in the face of socially established objectives.