Rastreio e manejo do transtorno bipolar na depressão pós-parto: uma revisão narrativa

Abstract

A depressão pós-parto é um distúrbio que afeta cerca de 17,2% das puérperas, marcado por tristeza extrema, oscilações no humor, fadiga extrema e preocupações irrealistas com o lactente. Um de seus vários fatores predisponentes é o transtorno bipolar, que possui alta prevalência nos casos de depressão pós-parto, os quais se associam sintomas de instabilidade do humor, pensamentos suicidas, homicidas e psicóticos. Em adição, o perinatal é o período de maior predisposição para o desenvolvimento do transtorno bipolar na vida das mulheres. Portanto, a avaliação e rastreio de sinais relacionados a enfermidade se mostram essenciais para o adequado manejo, principalmente por que as taxas de suicídio no puerpério chegam a 8% se comparados com a população geral. Esse estudo teve como objetivo elencar a importância de iniciar o rastreamento dessas pacientes durante o pré-natal, mediante uma revisão narrativa. A metodologia utilizada consistiu na seleção de artigos pela pesquisa dos termos “postpartum depression”, “bipolar disorder”, “bipolarity”, acrescidos dos termos “management” ou “screening” e seus termos correspondentes em português nas principais bases de dados científicas médicas (MEDLINE/PubMed, Cochrane Library e LILACS). Aplicados os critérios de elegibilidade e exclusão, dos 249 artigos iniciais, sobraram 18 para revisão. A discussão mostrou que a utilização de ferramentas de rastreio como a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo em associação com o Questionário de Transtornos do Humor são cruciais para o rastreio e diagnóstico do transtorno bipolar nesse período. O manejo e o tratamento basearam-se na mitigação de fatores estressores, em associação com terapia medicamentosa, devendo-se levar em consideração o desejo da mãe em relação à amamentação. Entretanto, os protocolos seguiram a mesma linha do transtorno bipolar fora desse período. Novos medicamentos como a brexanolona pareceram efetivos no tratamento, a partir de uma das teorias da fisiopatologia da DPP. Por fim, constatou-se a necessidade de mais pesquisas e estudos de maiores amostragens, focados em pacientes com transtorno bipolar, para elucidar melhor sobre condutas médicas adequadas no contexto da depressão pós-parto.

Postpartum depression is a disorder that affects approximately 17.2% of postpartum women, characterized by extreme sadness, mood swings, profound fatigue, and unrealistic concerns about the infant. One of its several predisposing factors is bipolar disorder, which has a high prevalence in cases of postpartum depression and is associated with symptoms of mood instability, suicidal, homicidal, and psychotic thoughts. Additionally, the perinatal period represents the highest susceptibility phase for developing bipolar disorder in women's lives. Therefore, the evaluation and screening of signs related to this illness are essential for proper management, especially considering that postpartum suicide rates reach 8% compared to the general population. This study aimed to highlight the importance of initiating screening for these patients during prenatal care, through a narrative review. The methodology involved selecting articles using the search terms "postpartum depression," "bipolar disorder," "bipolarity," in addition to "management" or "screening" and their corresponding terms in Portuguese in major medical scientific databases (MEDLINE/PubMed, Cochrane Library, and LILACS). After applying eligibility and exclusion criteria, 18 articles remained for review out of the initial 249 articles. The discussion revealed that using screening tools such as the Edinburgh Postnatal Depression Scale in conjunction with the Mood Disorder Questionnaire are crucial for screening and diagnosing bipolar disorder during this period. Management and treatment focused on reducing stress factors along with medication therapy, taking into account the mother's desire regarding breastfeeding. However, treatment protocols followed the same approach as bipolar disorder outside this period. New medications like brexanolone appeared effective in treatment, based on one of the theories of PPD pathophysiology. Finally, there is a need for further research and larger studies focused on patients with bipolar disorder to better understand appropriate medical approaches in the context of postpartum depression.