Abstract:
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Introdução: A administração de fármacos para tratar condições respiratórias como a asma e a DPOC é amplamente realizada por meio de dispositivos inalatórios, sendo esta a via mais comum em todo o mundo. A técnica de inalação inadequada é o principal fator que se relaciona com possibilidade de manifestações sintomáticas e exacerbações. Portanto, é fundamental que profissionais e estudantes da área da saúde dominem corretamente a técnica inalatória para garantir a eficácia do tratamento. No quesito de educação médica, notou-se uma escassez de trabalhos acadêmicos que abordam a técnica inalatória entre os alunos de medicina.
Metodologia: Estudo transversal observacional do tipo survey que avaliou o conhecimento teórico da técnica inalatória entre os alunos do internato do curso de medicina da UFSC. Os participantes responderam presencialmente a um questionário via “google-forms” estruturado com perguntas objetivas de múltipla. Avaliou-se o conhecimento geral e de forma específica acerca de 3 dispositivos inalatórios: Inalador Dosimetrado (ID) e de dois Inaladores de Pó Seco (IPO), Turbuhaler® e Aerolizer®. Além disso, comparou-se a frequência de orientações corretas para os passos essenciais da técnica inalatória comum aos três dispositivos.
Resultados: Um total de 114 alunos respostas foram coletadas, 54,4% do sexo masculino. Grande parte já havia orientado o uso do ID (n=90,4%), por outro lado menos da metade orientou o Aerolizer® (n=43,9%) e um grupo minoritário orientou o Turbuhaler® (n=10,5%). A maioria (65,8%) desconhecia que os três estão disponíveis no SUS. Somente 21,9% pensam na questão ambiental ao prescrever um DI e apenas um quinto preferem utilizar DIs sem o gás propelente Hidrofluoralcano (HFA). Menos de um terço orientam o descarte responsável dos dispositivos inalatórios. As etapas mais corretamente orientadas para o ID foram: agitar o frasco (98,2%), forma de acoplar o DI na boca (94,7%), possibilidade de utilizar um espaçador (94,7%) e orientação da necessidade de apneia (94,7%). Os seguintes itens foram os mais corretamente orientados para Turbuhaler®: forma de acoplar o bocal na boca (86%), orienta necessidade de apneia (84,2%) e orientação sobre a necessidade de expiração máxima antes da administração do medicamento (81,6%). Para o Aerolizer®, forma de acoplar o dispositivo à boca (89,5%), expiração máxima (86%) e necessidade de apneia (85,1%). Por outro lado, entre os erros mais comuns, para o ID observou-se: na orientação quanto ao uso do espaçador (65,8%), tempo para aplicação da segunda dose (63,2%) e inspiração lenta e profunda (60,5%). Já para o Turbuhaler® observou-se: tempo para aplicação do segundo jato (61,4%) e inspiração rápida e profunda (50,9%). Os erros mais comuns do Aerolizer® foram: pressionar os botões mais de uma vez e soltá-los (80,7%), repetir a inalação caso exista medicamento dentro da cápsula (59,6%) e tempo para aplicação a segunda dose (58,8%). Ao se comparar as frequências de OC das etapas essenciais da técnica inalatória entre os três dispositivos, não houve diferença estatística em nenhuma das seis perguntas. Porém notou-se um padrão de resposta muito similar. Três passos foram considerados satisfatórios, com mais de 80% de acerto: “expiração máxima”, “acoplar o DI na boca” e “necessidade de apneia”. Dois passos foram considerados insatisfatórios com taxas de OC menor que 50%: Tempo para aplicação do segundo jato e inspiração adequada de acordo com DI.
Conclusão: Os alunos apresentaram um conhecimento geral satisfatório apenas para o ID; O Turbuhaler® é o inalador que os graduandos menos conhecem. Os graduandos não estão cientes da disponibilidade dos três inaladores no SUS. Reforçar os esclarecimentos e informações sobre os DIs e suas implicações ambientais e correto descarte. A correta utilização do espaçador junto ao ID assim como os passos perfuração da capsula e a verificação da capsula vazia após a inalação do Aerolizer® devem ser reforçados entre os alunos. Inspiração adequada e tempo para aplicação do segundo jato devem ser reforçadas. |