A Pornografia na Era do OnlyFans: novos paradigmas das relações de gênero

Abstract

A presente pesquisa busca analisar as mudanças de paradigma das discussões de gênero sobre pornografia, a partir do advento das novas redes sociais de pornografia, como o OnlyFans. Para tanto, é realizada uma revisão bibliográfica narrativa, a fim de comparar os principais argumentos contrários à pornografia anteriores à criação da rede social, em 2016, representados por meio da linha argumentativa de Andrea Dworkin e Catherine Mackinnon, e os atuais posicionamentos sobre o tema. O trabalho, então, consiste em uma pesquisa qualitativa, de objetivo exploratório-descritivo, e busca despertar o debate sobre o tema. Assim, a pesquisa se estrutura levando em conta as seguintes vertentes narrativas, identificadas por meio da leitura das obras das autoras supracitadas: a mulher enquanto vítima da indústria pornográfica; o pornógrafo e o poder dos homens na indústria pornográfica; os efeitos sociais da pornografia; a condição da mulher na indústria; e a censura absoluta da pornografia pelo Estado como forma de conferir direitos às mulheres. A partir de tais premissas, faz-se uma retomada histórica da evolução das redes sociais, até a caracterização da indústria pornográfica na contemporaneidade, com as novas redes sociais de pornografia, analisando-se contrapontos específicos a cada argumento levantado pelas autoras Dworkin e Mackinnon. Concluiu-se, pela pesquisa, que as novas redes sociais de pornografia, como o OnlyFans, acompanharam as revoluções tecnológicas, que modificaram as formas de produção de capital e os meios de interação social, alterando as bases sobre as quais se pode refletir sobre a pornografia em si, seus efeitos e suas possibilidades de regulação pelo Estado.

This research aims to analyze the paradigm shifts in gender discussions about pornography, particularly with the advent of new pornography-focused social networks such as OnlyFans. To achieve this, a narrative literature review is conducted to compare the main anti-pornography arguments predating the creation of the social network in 2016, as represented by the arguments of Andrea Dworkin and Catherine Mackinnon, with current perspectives on the subject. This study is, therefore, a qualitative, exploratory-descriptive research endeavor that aims to stimulate debate on the subject. The research is structured around the following narrative strands: women as victims of the pornography industry; the pornographer and the power dynamics of men in the pornography industry; the social effects of pornography; the status of women in the industry; and the absolute censorship of pornography by the state as a means of ensuring women's rights. Based on these premises, a historical overview of the evolution of social networks is undertaken, leading to the characterization of the contemporary pornography industry, followed by the analysis of specific counterpoints to each argument raised by the aforementioned authors. The findings suggest that new pornography-focused social networks, such as OnlyFans, have evolved in tandem with technological revolutions, changes in capital production methods, and shifts in social interaction, altering the foundations upon which one can reflect on pornography itself, its effects, and the possibilities of state regulation.