A telemedicina na Reumatologia no estado de Santa Catarina: uma avaliação observacional retrospectiva

Abstract

A telemedicina possibilita uma diminuição das barreiras geográficas no atendimento médico e pode ser um instrumento na educação médica continuada. Por sua vez, a teleconsultoria é uma mediadora entre a atenção básica e a atenção especializada em saúde, utilizando-se da telemedicina como ferramenta e de um teleconsultor para aumentar a resolutividade do sistema único de saúde (SUS). Objetivo: Descrever as características dos encaminhamentos realizados pelo sistema “Teleconsultoria com intenção de encaminhamento” para reumatologia no período de agosto a dezembro de 2019 no estado de Santa Catarina comparando com as características dos encaminhamentos sem o sistema remoto no mesmo período de 2022 e avaliar a concordância diagnóstica entre os médicos envolvidos no processo. Método: Estudo observacional, analítico e retrospectivo, realizado em Florianópolis, Santa Catarina. População de estudo: pacientes encaminhados para o ambulatório de reumatologia nos períodos de agosto de 2019 até dezembro de 2019 (em vigência da teleconsultoria compulsória) e de agosto de 2022 até dezembro de 2022 (sem utilização da teleconsultoria). Resultados: Foram avaliados 129 prontuários no período com teleconsultoria e 103 sem o sistema. No período mediado pela teleconsultoria, a concordância diagnóstica (CD) foi 58,4% ( = 0,475, p<0,001) entre o médico da unidade básica de saúde (UBS) e o teleconsultor reumatologista e 78,3% ( = 0,707, p<0,001) entre o teleconsultor e o reumatologista presencial, portanto, significativamente superior à concordância diagnóstica entre o médico da UBS e o reumatologista presencial no período sem teleconsultoria, que obteve 40,8% (k=0,297, p<0,001): OR = 2,6 (1,5 – 4,5). Os diagnósticos finais foram apropriados para o nível secundário de atendimento em 65,0% dos casos no período com teleconsultoria contra 46,5% no período sem teleconsultoria, OR= 2,1 (1,26 – 3,63). Conclusão: A teleconsultoria com reumatologista promove 2,1 vezes mais chances de ter um diagnóstico apropriado para tratamento em nível secundário quando comparado ao encaminhamento direto, além de promover concordância no encaminhamento com o diagnóstico do reumatologista presencial 2,6 vezes maior. Isso demonstra a qualificação do encaminhamento e a maior eficiência conferida ao sistema de saúde pelo encaminhamento mediado por teleconsultoria com especialista.

Abstract: Telemedicine makes it possible to reduce geographic barriers to medical care and can be an instrument in continuing medical education. In turn, teleconsulting is a mediator between basic care and specialized health care, using telemedicine as a tool and a teleconsultant to increase the resolution of the single health system (SUS). Objective: To describe the characteristics of referrals carried out by the “Teleconsulting with referral intention” system for rheumatology in the period from August to December 2019 in the state of Santa Catarina compared with the characteristics of referrals without the remote system in the same period of 2022 and evaluate the diagnostic agreement between the doctors involved in the process. Method: Observational, analytical and retrospective study, carried out in Florianópolis, Santa Catarina. Study population: patients referred to the rheumatology outpatient clinic from August 2019 to December 2019 (with compulsory teleconsultation) and from August 2022 to December 2022 (without the use of teleconsultation). Results: 129 medical records were evaluated in the period with teleconsultation and 103 without the system. In the period mediated by teleconsultation, diagnostic agreement was 58.4% ( = 0.475, p<0.001) between the doctor at the basic health unit (BHU) and the rheumatologist teleconsultant and 78.3% ( = 0.707 , p<0.001) between the teleconsultant and the inperson rheumatologist, therefore, significantly higher than the diagnostic agreement between the BHU doctor and the in-person rheumatologist in the period without teleconsultation, which obtained 40.8% (=0.297, p<0.001), OR = 2.6 (1.5 – 4.5). The final diagnoses were appropriate for the secondary level of care in 65.0% of cases in the period with teleconsultation versus 46.5% in the period without teleconsultation, OR= 2.1 (1.26 – 3.63). Conclusion: Teleconsultation with a rheumatologist promotes 2.1 times more chances of having an appropriate diagnosis for treatment at a secondary level when compared to direct referral, in addition to promoting 2.6 times greater agreement in referral with the in-person rheumatologist's diagnosis. This demonstrates the qualification of the referral and the greater efficiency given to the health system by the referral mediated by teleconsultation with a specialist.